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LIVRO PARE DE SOFRER

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Mensagem por Admin Sáb Jan 08, 2011 3:04 pm

mos aceitar o breque da vida no corpo e aprendermos a disciplinar nossos sentimentos.
Mas uma coisa é certa: a conquista de nossa maturidade se realiza ininterruptamente, estejamos aqui ou aí, e é isso que preci¬samos observar. Nossa lucidez, nosso progresso não dependem do local onde a vida nos coloca para viver, mas de como aproveita¬mos as oportunidades que nos são oferecidas. De como escolhemos renovar nossas ideias, de nossa maleabilidade aceitando as coisas novas e de nosso otimismo para enxergar a vida como ela é. Per¬cebendo que tudo sempre esteve certo porque Deus nunca erra e que confiar no futuro, na bondade e no amor representa nossa me¬lhor chance.
Eu agora estou pensando assim, e posso garantir que me sin¬to muito bem. Seja onde for, estarei atento para não perder nada, nenhuma oportunidade.
Sabem o que descobri? Assim como na Terra no início da ci¬vilização já havia tudo que o homem precisava para desenvolver-se, também dentro de cada um de nós há a essência espiritual, pre¬sença de Deus, do Bem Maior, com tudo que precisamos para des¬frutar de uma vida plena de felicidade e alegria. Não importa em que mundo você está agora, mas onde você coloca seu poder de es¬colha. Se preferir continuar na incredulidade e no negativismo, con¬tinuará na dor e no sofrimento, e vai demorar para desenvolver a própria lucidez. Porém, se mudar para o bem, confiar em sua luz, na força de Deus em você, poderá desfrutar, onde estiver, uma vida muito melhor.
Eu creio nisso. Você não? Em todo caso, não acha que seria bom começar a procurar? Quem poderá saber os tesouros de bon¬dade e de amor, de carinho e de dignidade que você descobrirá dentro de si? E quando os encontrar, aceite essa descoberta com na¬turalidade. Reverenciando nossa grandeza de alma não estaremos reverenciando Deus?
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Dramatização
Tendo descoberto que nós temos a possibilidade de aprender sem sofrer, de evoluir sem dor, eu ultimamente venho me dedican¬do a estudar o comportamento a fim de aprender como eu posso fazer isso.
Claro, estou cansado de sofrer, de chorar, e confesso que quan¬do eu pensava ser esse o único caminho que se nos oferecia para crescer, não me entusiasmava muito caminhar para a frente, com medo de pagar caro pelo progresso conquistado.
Talvez seja essa a causa de nossa contumaz resistência ao novo, às mudanças, a tudo que ainda não seja conhecido e que não po¬demos controlar. A crença de que tudo tem um preço e que esse preço certamente será de muita dor e sacrifício nos tem contido, dificultando nosso progresso.
Nosso sentimento de defesa é tão forte que tentamos nos agarrar ao que nos parece sólido e confortável, bloqueando nossa cria¬tividade, cortando nossas iniciativas. E é claro que, como uma compensação natural, nos damos ao luxo de criar ilusões de onde pretendemos retirar os elementos de satisfação interior, para com isso ludibriar nossos legítimos anseios de crescer e de nos sentirmos realizados.
Essa distorção nos tem infelicitado durante muitos anos. Agar¬rados ao materialismo, por julgarmos que seja mais objetivo e se¬guro, invertemos os valores da alma e procuramos obstruir nossa percepção natural e intuitiva, preferindo mergulhar inteiramen¬te nos problemas do mundo, mantendo uma espécie de indife¬rença quanto ao que virá depois da morte, que nos parece distan¬te e inoportuna.
Mas eu, que tenho penetrado na intimidade de muitos cora¬ções dos que vivem na Terra, tenho percebido que, à medida que
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os anos passam e a idade avança, o medo do futuro, do amanhã, do desconhecido aumenta, e há até os que, para não ter que olhar de frente para essa realidade, mergulham na inconsciência.
— Está caducando! — dizem alguns. — Está esclerosado!— dizem outros. E eu diria: — Está com medo! Pretende continuar fugindo para não aceitar a mudança, para não ter que olhar de frente para o desconhecido.
Essa alienação é constante e, infelizmente, por mais que nós, os que vivemos no outro mundo, tenhamos tentado esclarecer esse ponto, ainda não somos integralmente ouvidos. Mesmo entre os que dizem crer na continuidade da vida após a morte, há muitos que ainda se apegam ao materialismo e se agarram à casa, às pes¬soas, ao dinheiro, até à religião, na tentativa de prevenir-se, de defender-se do amanhã.
Entram de corpo e alma nesse jogo, embotam a percepção, mergulham fundo na ilusão, criam um padrão energético de defe¬sa, de tal sorte mantido, alimentado, que é preciso haver uma atua-ção violenta da vida para rompê-lo.
Essa, meus amigos, é a causa da dor. Já pensaram que tristeza? Depois de passar por anos e anos de sofrimentos e tragédias no mundo, pensando que pelo menos você é um sério candidato a uma vaga no céu (claro, toda ilusão sempre oferece uma compen¬sação), você descobre que tudo isso foi só para quebrar sua resis¬tência, vencer sua obstinação, sua defesa, destruir os obstáculos que você mesmo colocou à sua volta.
Então a dor não depura? Ela não nos dignifica e engrandece quando a suportamos com coragem e paciência? Claro que o su¬portar com paciência coisas que não podemos evitar — e a dor quando vem é uma delas — por certo nos fará compreender o quanto somos fortes, o quanto aguentamos, e até o quanto Deus nos ajuda a passar pelo momento difícil, mas é só isso. Depurar mesmo, nos tornar melhores do que somos, nem pensar.
Agora, destruir nossa ilusões, deitar por terra nosso materia¬lismo, destruir tudo e afastar as pessoas às quais nos agarrávamos, isso ela faz. E o faz para que possamos enxergar a realidade, modi¬ficando nossas ideias, abrindo lugar para que tenhamos uma nova
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visão. Para que tomemos consciência de nossa própria alma e de nossas verdadeiras necessidades.
Ah! Se o homem na Terra pudesse entender que ele pode vi¬ver melhor! Se ele soubesse que as coisas não são da forma como ele pensa, tudo se modificaria. Sim, porque o pensamento é fonte criadora, quando mantido e alimentado ele se materializa.
È por isso que eu tenho vindo escrever, é por isso que eu falo desses assuntos. Vocês acreditariam se eu dissesse que a violência que anda pelo mundo nos dias de hoje é fruto da necessidade de defesa? Pois é. A agressividade sempre é uma forma de defesa.
Estudando os dramas e tragédias do cotidiano, visitando hos¬pitais e presídios, ouvindo e registrando problemas e sentimentos, medos e modos de olhar as coisas, percebi claramente isso.
As pessoas se agarram a suas ilusões e as defendem com unhas e dentes. Dependendo do nível e do padrão de consciência que pos¬suem, agridem de uma forma ou de outra, viabilizando o estado atual da civilização no planeta.
Uns matam, fazem guerra, justiça com as próprias mãos; ou¬tros criticam, destroem, pela imprensa ou não; outros, ainda, de¬sunem as famílias, criticam a sociedade, jogam uma classe social con¬tra a outra.
Há ainda aqueles que acreditam que pela religião e pelo temor ao castigo de Deus poderão influenciar as pessoas, acabar com a cruel¬dade e com a violência no mundo.
Que ilusão! Sinto dizer, mas todos estão iludidos. Quanto mais medo, mais insegurança e mais defesa; quanto mais defesa, mais vio¬lência, mais crueldade e mais sofrimento.
O animal ferido, acuado e com medo torna-se muito mais pe¬rigoso. Sem falar nos profissionais da dramatização. Já ouviram fa¬lar neles? Estão espalhados por toda parte, até por aqui onde eu vivo. São maravilhosos em imaginar todas as possibilidades futuras de uma pessoa, claro, sempre com muita emoção e muito sofrimento. Para prevenir-se e evitar que aconteça.
Isso é muito comum e todos nós já fizemos isso algum dia. Tal¬vez para tentar burlar o sofrimento, chorando muito antes, para, de alguma forma, comover a vida ou até Deus e encurtar o proces-
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so. As crianças não começam a gritar antes de algumas palmadas para tentar diminuir o número delas?
Ou até quem sabe para alimentar o prazer de ser herói e sofrer mais do que qualquer outra pessoa. Nisso também nós não quere¬mos perder. Nessa competição de ser o mais sofredor, de ter a maior dor, sempre queremos ser os primeiros.
Por causa disso é que as pessoas sentem um prazer enorme em contar suas penas, suas doenças, seus dramas, sua tragédia.
Tudo continua sendo defesa. É para dizer à vida que já sofreu mais do que todos e que já chega. Toda reclamação, toda gritaria, é sempre defesa.
Você já percebeu isso? Já tentou descobrir por que você se de¬fende tanto?
Quanto a mim, venho pensando muito nisso. Sim, porque co¬migo acontece o contrário. Eu não empaco, eu quero ir depressa, me livrar logo dos problemas e principalmente dos que me inco¬modam. E a dor, o sofrimento incomodam muito.
Por isso, quando descubro algo, procuro pôr logo em prática. Mas se a resistência obstrui, a pressa também ilude e ambas nos con¬duzem à fantasia. Tentar praticar o que aprendi é bom e não é o que atrapalha. Mas a maneira como eu faço isso é que ainda não me permite obter tudo quanto eu desejo.
Sabem o que eu descobri? Que para evitar olhar melhor mi¬nha realidade interior, eu criei uma ilusão: a de que eu precisava contar ao mundo minhas descobertas e que assim acabaria com a necessidade de defesa das pessoas, e como consequência a violên¬cia desapareceria do mundo.
Já pensaram que pretensão? Claro que eu pude diagnosticar a causa dos problemas humanos, mas daí a pretender que todos apren¬dam isso comigo vai uma considerável distância.
Observando melhor minhas necessidades e condições, che¬guei à conclusão de que se eu aplicasse minhas ideias comigo mes¬mo e pudesse me libertar de grande parte de meus problemas, se¬ria o ideal. Porque compreendi que o mundo inteiro poderia apren¬der, melhorar, acabar com a violência, ser mais feliz, que isso se¬ria um bem, me granjearia muitos amigos, porém não me faria ser
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ICONSCIENTE ou melhor. O trabalho de meu desenvolvimento é meu mesmo.
E por isso que eu desconfio de todos os planos grandiosos de salvação da humanidade. Quando embarcamos nessa, o que se es¬conde atrás? O que não desejamos perceber em nós, do que esta¬mos fugindo?
Vocês vão dizer que o ideal de ajuda à humanidade é sagrado. Que o dever para com o próximo é fundamental. Tudo bem, con¬cordo, quando você tem condições reais para conseguir isso. Você acha que tem? Eu não. Hoje, eu me contento em prestar atenção, em aprender a ler as necessidades de minha alma e através dela com¬preender a grandiosidade do que é espiritual, eterno e verdadeiro. Vivenciar isso é para mim o mais importante.
Agora, sonhar é bom e não custa nada. Já pensaram em um mundo onde todas as pessoas vivam felizes? Onde elas confiam na vida, sabem que Deus nunca erra nem nunca esteve omisso? Que faz tudo certo e cada coisa em sua hora e lugar? Que não há neces¬sidade de defender-se de nada porque não existe perigo no mun¬do? Que há fartura na natureza e há riqueza suficiente para todos? Quem não gostaria de viver em um mundo desses? Que quem dra¬matiza diz à vida que gosta do drama e quem acredita na violência acaba topando com ela?
Você sabia que o que você planta colhe? Essa sentença é mui¬to velha, mas muito verdadeira.
Sabendo disso, não seria melhor você passar uma vista de olhos sobre seus pensamentos habituais e verificar em quais você põe sua força de fé? É muito provável que um dia eles se materia¬lizem em sua vida. Não seria bom se eles fossem positivos e alegres?
Eu estou tentando fazer isso e confesso que me dei muito bem. Porque descobrir que alimentamos um pensamento ou uma cren¬ça desagradável é sempre oportuno, uma vez que temos o poder de modificá-los. È só querer. E substituí-los por outros mais condizen¬tes com o que desejamos materializar para nós no futuro.
Não acham que estou sendo esperto? Que estou me prevenin¬do? E aí vocês vão dizer que isso também é uma defesa. Que se eu acreditasse mesmo na perfeição da vida, não precisaria disso. Era
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só deixar fluir. E eu respondo que eu não disse que a defesa verdadeira é um mal.
Quando você conseguir enxergar sua verdade, aquilo que pre¬cisa para ser feliz, você pode evitar coisas que você já sabe que não lhe seriam mais adequadas. Isso é defesa? Pode ser, mas é mais in¬teligência, lucidez, conhecimento, maturidade.
Não acham que estou progredindo?
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I Saudade
\^.
Sentir saudade! Mergulhar nela tanto pode ser agradável como fazer brotar um sentimento de perda e de insatisfação.
Sou um saudoso. Não que viva cultuando o passado, nem que sinta falta de alguma coisa. Mas gosto de recordar momentos pre¬ciosos que falaram muito a meus mais caros sentimentos e reviver aquelas alegrias. Não é a saudade da falta, nem vontade de voltar ao passado, mas é o prazer de sentir de novo as emoções de momen¬tos felizes.
É perceber o bem que recebemos da vida. É a confirmação de que o amor divino é pródigo em nos fazer felizes. É um misto de prazer e gratidão, é a alegria de viver.
Saudade para mim é isso. Para vocês não? Tenho observado o que as pessoas fazem com os próprios sentimentos e percebido o quanto têm usado mal essa palavra.
Claro que ninguém sente saudade das coisas desagradáveis. O desejo de sentir de novo, de voltar ao que passou, vem do prazer que esses momentos nos proporcionaram. Isso seria o lógico, o na¬tural, mas não é o que ocorre. Por causa das nossa ilusões.
Não acreditam? Pensam que são as pessoas mais "realistas" do mundo? Será mesmo?
Parece-me ver alguns dizerem que "afinal um pouco de ilusão é a forma de adoçar a dura realidade do dia-a-dia". Você também pensa assim?
Valorizar a ilusão é o mesmo que preferir a infelicidade, a frus¬tração, a cegueira espiritual. O medo da realidade que julgamos ruim nos faz criar e desenvolver sonhos para o futuro que nos tornam in¬capacitados para perceber e apreciar todo o bem, todas as coisas boas que nos acontecem no dia-a-dia. Você tem muitos sonhos nos quais, por fim, alcança a felicidade completa?
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Posso entender. Eu também já fui assim. Essa ilusão quenos impede de desfrutar os bons momentos do presente desenvolve também um sentimento de frustração que se mistura à nossa sau¬dade. Faz com que, ao voltarmos os olhos para o passado, nos sin¬tamos logrados, decepcionados. E nessa situação nos culpamos, nos acusamos disto ou daquilo, criticando nosso comportamento, pensando que se tivéssemos agido desta ou daquela forma teríamos conquistado nosso sonho.
— Se eu pudesse voltar atrás, agiria diferente! — costuma¬mos dizer.
Quer maior ilusão do que esta? Nós agimos como podíamos ter agido na época. Sempre pensamos fazer o melhor. Se deu errado, foi porque estávamos equivocados. Se a mesma situação ocorresse hoje, tentaríamos outra coisa, mas nada garante que chegaríamos ao ponto desejado. É preciso várias tentativas para aprender como fazer as coisas de forma adequada.
Quando cultivamos uma ilusão, o tempo pode ser usado para alimentá-la ainda mais. Recordar uma situação vivenciada anos atrás pode ser motivo para uma fantasia maior, onde as condições sejam ainda mais distorcidas e modificadas, de acordo com nossa neces¬sidade de mantê-la.
É claro que um dia a verdade aparecerá e arrancará de nós es¬ses enganos. E quanto maior nossa resistência, mais dura será nos¬sa realidade. Largar os sonhos, as ilusões, cultivados durante anos e anos, sempre será trabalhoso.
Reconhecer que nossos sonhos nunca se realizarão é sem dú¬vida penoso. Mesmo porque não acreditamos que a realidade seja melhor do que eles.
Contudo, eu afirmo que a verdade é nosso maior bem e além de nos libertar nos permite usufruir a felicidade maior que tanto procuramos.
E muito comum as pessoas chegarem aqui nesta dimensão, depois da morte do corpo, tão envolvidas pelos sonhos que culti¬varam no mundo que sequer puderam apreciar as coisas boas que vivenciaram na Terra. Quase sempre estão revoltadas, insatisfeitas, saudosas de coisas que nunca aconteceram, mas que elas gostariam
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que tivessem acontecido, carregando esse sentimento de perda, como se houvessem desperdiçado a vida, amarguradas e desgasta¬das, infelizes e queixosas.
Quando melhoram um pouco e se lhes são mostradas quantas bênçãos receberam durante aquela vida na Terra, elas se admiram, descobrem que sua infelicidade não passava de uma criação de suas ilusões.
Esse tem sido o círculo vicioso de nossas reações. Culpar a saudade por nossos desacertos é enganar-se ainda mais. A sauda¬de é um sentimento altamente gratificante e sempre nos dará uma resposta positiva.
Recordar-se de momentos bons, de pessoas que amamos, de alegrias que usufruímos, nos alimenta e supre. Nos torna felizes e realizados.
Mas isso só acontece quando nos lembramos de momentos em que participamos com a alma, valorizando sentimentos e ener¬gias verdadeiras.
Se ao recordar seu passado você não sente essa felicidade, se, ao contrário, sente-se frustrado, infeliz, insatisfeito, tente descobrir quais as ilusões que você tem cultivado. É comum descobrirmos que, além de nós, culpamos os outros por não haverem se comportado como nós gostaríamos.
A ilusão de manipular a vida, as coisas, as pessoas, tem nos acompanhado durante muitos anos. Pode ser que este seja seu caso.
Agora, se sua saudade for gostosa, agradável, se ao recordar fa¬tos de seu passado você sente um calor de prazer pelo corpo, uma sensação de alegria e de bem-estar, então sim, você realmente tem saudade e deve cultivar de vez em quando esse sentimento, na cer¬teza de que o que é bom e dá prazer merece nossa atenção.
A felicidade é feita desses momentos. E ser feliz é nosso maior desejo. O bom disso é que essa é a tónica da realidade. Não é uma ilusão, como alguns pensam, mas é simplesmente o que é, nem mais nem menos. É a perene conquista da estabilidade, da paz.
Deu para entender? Eu já estou tentando seguir esse caminho. Você vem comigo?
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O trauma
Desde que os psicólogos inventaram essa palavra, virou sinó¬nimo de modernidade e as pessoas adoram usá-la.
Pudera, ela veio dar um cunho intelectual, um ar de maturi¬dade e conhecimento dos problemas humanos de tal sorte que to¬dos pretendem explicar com ela as causas das mais complexas ati¬tudes de cada um.
E se o trauma explica muitas das atitudes dos adultos, os da in¬fância então são os mais utilizados. Eles passaram a fazer parte do dia-a-dia das pessoas, que com ele justificam as mais variadas atitudes.
— Ele bebe porque tem um trauma de infância. Foi rejeitado
pela mãe antes do nascimento.
Ou então:
— Ela odeia o pai porque não lhe deu a atenção suficiente e
ela ficou com trauma.
E as explicações se multiplicam, procurando colocar o trau¬ma como causa principal de todas as fraquezas do homem. E quan¬do a pessoa não tem nenhum, ou não se lembra de nada que pos¬sa ser encaixado nessa justificativa mas tem problemas de com¬portamento, a procura vai mais fundo, com psicólogos, analistas e até psiquiatras, na tentativa de encontrar onde está o trauma para, derrotando-o, conseguir que a pessoa se equilibre.
Tenho pensado muito no assunto, porque sempre me interes¬sei pelos problemas humanos e, naturalmente, compreender como a vida estabeleceu esse processo pode nos ajudar a viver melhor. Eu já disse a vocês que estou interessado em ser feliz? Pois é, esse é meu objetivo agora. Não é isso o que todos desejamos o tempo todo? Se é assim, por que perder tempo com outras coisas?
Tenho notado também que para tudo há uma chave. Algo que nos permite acionar um processo e conseguir um resultado po-
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positivo
E em cada problema com que eu me defronto, eu procuro encontrá-la para solucioná-lo.
A í vocês vão perguntar:
— O trauma não seria a chave de nossos problemas emocio¬nais? Não seria o fio da meada para o desenrolar de nosso proces¬so de melhoria?
Não. Sinto responder que não. Sinto porque encontrar a cha¬ve, mover o processo de mudança, realmente é importante. Toda¬via, o trauma não é essa chave.
Como?! Então um sofrimento profundo, uma dor que nos mar¬cou muito, uma agressão, uma violência, uma crueldade que nos fizeram, ou até o que não nos fizeram, o que nos negaram, como o amor, a atenção, etc, não podem provocar problemas de compor¬tamento e desencadear dificuldades de relacionamento com a so¬ciedade e com as pessoas?
Algumas vezes podem.
Mas vocês já repararam que isso vai depender da reação de cada um? A vida mostra constantemente isso.
Em uma família em que os pais são negligentes, ignorantes e até cruéis, os vários filhos não reagem da mesma forma. É comum alguns atravessarem essa fase sem grandes problemas, outros até en¬contrarem uma maneira de tirar proveito, desenvolvendo mais sua força interior e só um ou outro ficou com "trauma".
E o que dizer daqueles que têm pais relativamente equilibra¬dos (dentro do conceito terreno), tiveram todas as atenções e ca¬rinhos, e, no entanto, se revelam complexados e de relacionamen¬to difícil?
Pelo que tenho observado nesses anos em que tenho estuda¬do dentro da ótica espiritual, nós é que reagimos ao meio ambien¬te e às pessoas que atraímos em nosso caminho, de acordo com a ótica que temos do mundo e das coisas.
É nossa forma de ver o que acreditamos e julgamos verdadeiro que provoca as reações dessa ou daquela experiência em nossa vida.
Ê claro que o meio ambiente e as pessoas com as quais somos chamados a viver nos bombardeiam energeticamente com seus pontos de vista e isso, dependendo do que permitimos, do que acei-
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tamos, por certo nos influenciará desta ou daquela forma. Mas não será por causa disso que os atraímos em nossas vidas?
A carência material do meio não será para aprendermos a va¬lorizar os bens que possuímos? A indiferença, a falta de atenção e de amor dos outros para conosco não nos chamará para nossa ne¬cessidade de amar? A solidão não nos ajudará a desenvolver a pró¬pria força, nos amadurecendo?
As negativas das pessoas em nos ajudar a resolver os proble¬mas que nos afligem não será uma forma de desenvolvermos nos¬sa inteligência e nossos potenciais, crescendo em criatividade e sabedoria?
Pensando em tudo isso, observando como as pessoas vivem e reagem, sinto dizer que o trauma, assim como é conhecido no mun¬do, não passa de um só conceito: mimo.
Vocês acham que não? Que aquela pessoa realmente teve mo¬tivos para embebedar-se até cair, e aquela outra para ser uma víti¬ma da sociedade e da maldade do mundo? É? Vocês pensam mes¬mo assim?
Pena. Porque eu, quando descobri tudo isso, procurei meus "traumas" e, depois de identificá-los, consegui claramente perce¬ber o quanto eu ainda me sentia "coitado" e uma "vítima da mal¬dade alheia". O quanto usava isso como desculpa, diante de meu próprio juiz interior, para justificar o permanecer sem fazer nada, nenhum gesto para sair disso.
Claro, se a culpa é dos outros, eles é que deverão me salvar. Eu não precisarei fazer nada. Posso continuar gostosamente como estou, esperando que os outros me alisem a cabeça e façam tudo em meu favor.
Dá para entender? O que é isso senão mimo? O que é um trau¬ma senão um capricho não satisfeito, uma ilusão não alimentada, uma forma distorcida de ver os fatos?
Claro que uma experiência difícil, uma dor real, um aconte¬cimento trágico, se não for superado pode deixar uma impressão do¬lorosa que precisa ser digerida e nesses casos um bom terapeuta pode ajudar muito. Mas se ele for mesmo bom, ao invés de procu¬rar traumas irá logo diagnosticar as causas verdadeiras do processo,
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muito mais profundas porque estão acomodadas nas crenças que a pessoa colocou no subconsciente e que precisarão ser revistas.
Se você acha que tem um "trauma", não será interessante ten¬tar perceber o que se esconde atrás dele? Se fizer isso, eu garanto que descobrirá coisas muito interessantes sobre você mesmo. E, o que é mais importante, conseguirá encurtar muito seu processo de equilíbrio emocional.
Embora de vez em quando eu ainda tenha algumas recaídas, o que os experts do assunto já me informaram que é natural nesse processo, eu estou tentando e descobrindo coisas do arco-da-velha sobre mim mesmo.
Mas sabem de uma coisa? Olhando bem, bem mesmo, encon¬trei muitas coisas boas dentro de mim. Melhores do que eu ousa¬va esperar. E isso me deu muita alegria e muita vontade de seguir em frente.
Por isso, não seja rigoroso com você mesmo. Não tenha medo de se ver. Você não é nada do que teme ser. Aquela vozinha que sussurra em você dizendo que você é incapaz, maldoso, falso e até cruel é só um desafio para ver se você reage. A hora em que você deixar de acreditar nela e procurar conhecer-se verdadeiramente, perceberá quantos lados positivos você tem.
Eu, que posso notar isso, me aproximando de você, sentindo as vibrações de sua alma, sei que quando você perceber o que já tem de melhor terá encontrado a chave de seu amadurecimento para seu equilíbrio espiritual.
Não acha que vale a pena tentar?
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O arquipélago
Assim como a água não se mistura ao óleo, as pessoas também separam-se entre si. Claro, as afinidades atraem e, quando isso se dá, o relacionamento é prazeroso, leve, agradável, nutritivo. Mas os extremos também se tocam e o ódio, a repulsa unem tanto quan¬to o amor. E aí a convivência torna-se desagradável, penosa e pe¬sada. E se uma é mantida com alegria e prazer, a outra é evitada.
Tudo bem. Nós as evitamos. Porém, há casos em que não con¬seguimos nos livrar delas. Quanto mais as evitamos, mais elas apa¬recem em nosso dia-a-dia; quanto mais queremos ver a pessoa pe¬las costas, mais nos encontramos com ela. E quando elas fazem parte da mesma família, nos laços apertados dos parentes próximos?
Ah! mas alguns reagem. Saem de casa, separam-se, vão para longe.
Para as mulheres, muitas vezes a solução aparece em um ca¬samento apressado. Desejando uma mudança, uma libertação, op¬tam por uma saída que pode ser enganosa e conduzir a um proble¬ma maior. Com isso, nem sempre conseguem safar-se. Ao cabo de certo tempo, eis que aquelas pessoas indesejáveis aparecem nova¬mente no caminho, de tal sorte dependentes de nossos recursos que, para não nos sentirmos culpados, acabamos por aceitá-las em nos¬so convívio.
Sim, aquela sogra intratável, aquele pai arrogante, aquela mãe insuportável, até aquele primo que já nos causou muitos aborreci¬mentos e do qual queremos distância, seja qual for o caso que es¬teja nos acontecendo, pode adoecer, sofrer uma perda, um aciden¬te, e acabar sob nossa responsabilidade, dentro de nossa própria casa.
E aí? Você tem um caso desses? O que faria se isso lhe acon¬tecesse? Manteria sua posição e recusaria o auxílio? Se negaria a aceitar essa convivência?
155

( confesso que é uma situação difícil, porquanto nós temos o direito de preservarnossobem estar e ninguém teria condições de negar isso.
Mas, e nossos sentimentos, como ficariam? Se aceitarmos, te¬remos que vencer a repulsa e conviver com alguém que não se afi¬na conosco, que pensa diferente, que pratica ou praticou atos que desaprovamos.
Por outro lado, quando isso acontece, a vida prepara tudo de tal sorte que a necessidade do outro é verdadeira e nós aparecemos como única possibilidade de auxílio.
Nessa altura você estará pensando que eu tenho algo contra você. Não é nada disso. Ao contrário. Sinto vontade de compreen¬der. Em todos esses anos estudando o comportamento, tenho acom¬panhado casos assim que são muito frequentes. Muito mais fre¬quentes do que você poderia imaginar.
Sabem o que tenho observado? Quando as pessoas resolvem aceitar a incumbência e prestar o auxílio necessário, enfrentando a situação com coragem e determinação, as coisas começam a se modificar. A convivência e o propósito de ajuda acabam por trans¬formar a natureza daquele relacionamento e quem ajuda acaba por perceber os lados positivos do outro enquanto o que é ajudado, mais facilmente, pela confiança e pela gratidão, tendo experimen¬tado as agruras do desvalimento, da dependência, acaba por exi¬gir menos e humanizar-se mais.
No fim, embora ainda não exista uma afinidade, a convivên¬cia pode tomar-se natural e o ressentimento, a implicância e o julgamento são esquecidos. Em alguns casos, tenho visto até o nascimento de uma amizade verdadeira e sincera. Porque à medi¬da que os padecimentos do que é dependente se agravam, a com¬paixão do outro é maior. E nesse ciclo de troca energética, tudo pode acontecer.
Você vai dizer que não deseja esquecer. Que isso não aconte¬cerá com você. Que nada o obrigará a recolher em sua casa ou aju¬dar as pessoas de que você não gosta. Tem todo o direito de pen¬sar assim. Você é livre para escolher. Contudo, eu, se fosse você, pensaria melhor antes de decidir. Por que será que a vida faria uma
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coisa dessas? Por que o colocaria em tal situação? Será apenas para vê-lo penitenciar-se?
Eu acredito que não. Lembre-se de que a vida faz tudo por nossa felicidade. Ela sempre escolhe o melhor caminho, o mais curto para alcançarmos todo o bem que desejamos.
Não seria melhor você perguntar o que ela pretende ensinar com isso? Eu, que já sei a resposta, posso até adiantar: ela trabalha pela harmonia universal e por seu equilíbrio interior. Até que pon¬to ele está sendo prejudicado pelo julgamento, pela irritação, pela condenação e pela falta de compreensão?
Não conviver por falta de afinidade é natural e não represen¬ta um problema; mas a crítica, a desaprovação, a raiva, aimplicância são energias negativas que prejudicam e retardam o equilíbrio.
Depois, eu sei que ela pretende algo mais. Ela deseja que você descubra que em cada pessoa, por mais problemática que ela seja, existe uma alma, essência divina onde estão guardadas todas as potencialidades. Enquanto a pessoa aprende a expressá-la e isso demanda tempo, você pode desenvolver a compaixão e a paciên¬cia e principalmente o respeito pela vida, onde cada ser é divino.
Agora, se você teimar, continuar pretendendo ser uma ilha so¬litária no oceano, cercado somente pelas águas calmas, talvez a vida o faça mergulhar bem fundo no mar da reencarnação, para que no fim você venha a perceber que a separação é uma ilusão, por¬quanto lá no fundo todas as ilhas se ligam em um só torrão e não existe separação.
Não será melhor repensar?
157

I|| O carma
Meu amigo Evaristo chegou ao plano astral revoltado e ner¬voso. A vida fora injusta com ele. Justamente quando ele mais de¬sejava ficar, no momento mesmo em que ele conseguira descobrir tantas coisas importantes para seu progresso espiritual, quando ini¬ciara projetos de vulto para a comunidade, utilizando-se dos conhe¬cimentos alcançados, ele inesperadamente fora arrebatado da Ter¬ra, morrera.
A morte, para ele que acreditava na continuidade da vida, não fora o mais terrível. Ele a enfrentou muito bem, o que o inco¬modava era o momento. Não fora oportuno. Decididamente a vida errara com ele. Escolhera mal a hora.
Inconformado, queria de todas as formas permanecer na Ter¬ra, e embora sabendo que não poderia retomar o corpo físico, pre¬tendia continuar a realizar seus projetos tão entusiasticamente ini¬ciados e que, por certo, ajudariam muita gente.
Não obteve autorização. Isso o desconcertou ainda mais. Ele não queria tentar realizar o que pretendia sem obter a devida per¬missão. Era muito disciplinado e não desejava ser irreverente.
Desde então, Evaristo passou a tentar obter o que queria de to¬das as formas que podia. Se alguém o visitava, ele logo expunha seus pontos de vista e solicitava a opinião, bem como o auxílio a sua causa. Se era convocado a alguma atividade, ele se negava, alegan¬do absoluta falta de tempo, uma vez que precisava estar disponí¬vel para a realização de seus projetos.
Conhecendo nossa amizade, Jaime um dia veio procurar-me:
— É sobre Evaristo. Talvez você possa nos ajudar. Ele lhe tem muito afeto e acata suas opiniões.
— Estive lá outro dia — respondi. —Não consegui nada. Ele está determinado. De nada valeram minhas ponderações. Ele se nega
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a ouvir. Diz que foi vítima de um engano e que o mínimo quepoderia obter agora, já que é impossível voltar atrás, é a oportunidade de finalizar o que começou.
— O que você pensa disso?
— Claro que não houve engano algum. Isso nunca aconteceu e duvido que aconteça. Mas confesso que não sei o que está haven¬do. Ele tem uma brilhante folha de serviços prestados ao bem co¬mum. É equilibrado e trabalhador. Nesta encarnação, aprendeu ainda mais e, na verdade, seria até justo que ele obtivesse o que pre¬tende. Poderia realmente prestar grandes serviços aos objetivos do bem. Se por algum motivo que eu desconheço ele foi forçado a vol¬tar agora, pelo menos poderiam deixá-lo trabalhar e realizar o que deseja. Todos nós temos tido essa oportunidade. Eu mesmo quis es¬crever para a Terra e não só obtive permissão com fui auxiliado a conseguir isso.
Jaime sorriu levemente, dizendo com certa malícia:
— Vocês não conseguiram nada com ele porque no fundo, no fundo, pensam como ele. Acreditam que tenha havido al¬gum engano.
— Eu não diria isso... — ajuntei indeciso. Eu sabia que a vida nunca se enganaria. Ela é Deus em ação, e Deus, nunca erra.
— Nesse caso, posso contar com sua ajuda?
— Se eu puder fazer alguma coisa...
— Poderá quando souber o que está acontecendo. Evaristo real¬mente tem progredido nas últimas encarnações e prestado inúme¬ros serviços à comunidade. Sua participação decisiva e correta em muitos momentos tem-nos permitido a realização de conquistas coletivas de vulto.
No entanto, ao lado de tudo isso, há nele um sentimento mui¬to forte de liderança. Ele acredita que só ele poderia fazer esse pro-jeto. Ultimamente, nós fomos percebendo que ele estava envere¬dando por um engano.
— Engano? Como assim?
— Você sabe que a evolução individual é sempre mais forte do que a coletiva. Isto é, a vida coloca em primeiro lugar nossas ne¬cessidades como pessoa. Se ela tiver que escolher entre nossas ne-
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ceesidades pessoais ou os benefícios da coletividade, ela trabalha¬ra as nossas primeiro.
— Eu tenho notado isso. O bem coletivo não é o mais im¬portante?
— Ela sabe que o coletivo é a soma de todos e que melhorar cada um sempre vai melhorar o resultado final.
Sorri encantado. Não é que eu nunca havia pensado nisso? Jai¬me continuou:
— Evaristo inverteu essa ordem. Em seu entusiasmo, não per¬cebeu que estava subestimando os outros, colocando-se em supe¬rioridade, acreditando-se mais capacitado e mais preparado para os projetos da espiritualidade.
— Ele estava bem preparado.
— Estava. Mas esse pensamento que insidiosamente ele ali¬mentou era preocupante e revelador. Nossos maiores decidiram estudar o caso. Para isso, consultaram sua ficha e perceberam que esse era um traço muito marcante de sua personalidade. Tudo co¬meçou em uma vida passada quando Evaristo foi rei. Aprendeu a realizar projetos coletivos e se entusiasmou. Nas vidas subsequen¬tes, buscou de alguma forma trabalhar pelos outros, e conseguiu. Contudo, não gostava de delegar os poderes. Sempre encontrava um jeito de fazer ele mesmo as coisas mais importantes. Se por um lado ele era bom no que fazia e conseguia êxito, por outro não con¬seguia superar essa necessidade e caminhar adiante.
— Por isso ele fez tanto pelos outros! — ajuntei pensativo.
— Sim. Não foi propriamente por amor, mas para manter sua condição de liderança. Como você sabe, Evaristo é muito querido de todos nós. De uma forma ou de outra, cada um deve-lhe algum obséquio, um favor num momento de dificuldade.
■— É verdade. A mim ele fez mais de um.
— Pois é isso. Nossos instrutores decidiram ajudá-lo mais di-
retamente a acabar com esse carma.
— Isso já era um carma?
— Claro. O que é o carma senão uma crença teimosamente renovada? Por isso morreu tão de repente. Se ele continuasse as¬sim, chegaria o momento em que não haveria ajuda possível. Ele
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Mensagem por Admin Sáb Jan 08, 2011 3:05 pm

teria que reencarnar despojado de toda a iniciativa para aprender a valorizar as potencialidades alheias.
— Apesar de todo o bem que ele já fez em favor dos outros?
— Sim. O bem que fazemos aos outros nos granjeia muitos ami¬gos que nos ajudam sempre que podem, mas, como você sabe, a mu¬dança interior é o que determina nosso destino. Ela é poder de cada um. Por isso nos empenhamos a que Evaristo compreenda e aceite o que lhe estamos propondo. Do jeito como ele está, não nos restará outro recurso senão que o carma se cumpra.
— E nesse caso?
— Ele reencarnará, e quando tiver começado a realizar seus projetos, sofrerá uma contenção física que o colocará na dependên¬cia de outras pessoas. Assim, acabará por aprender que as pessoas podem seguir por diferentes caminhos, mas que todas têm condi¬ções de fazer o que pretendem.
— Isso será muito penoso.
—Pela gratidão que lhe temos, todos queremos evitar isso. Mas o que fazer se ele não quiser entender?
Saí dali pensativo. Dando tratos à bola para descobrir uma maneira de convencer Evaristo. Fui procurá-lo na manhã seguin¬te. Depois de abraçá-lo, disse sério:
— Acabo de saber que você logo vai reencarnar.
— Eu?! Quem disse?
— Meu amigo Jaime.
— Nesse caso, vou realizar meus projetos. Ainda bem que eles resolveram desfazer o engano.
Meneei a cabeça:
— Se eu fosse você, não ficava feliz com isso.
— Por quê? É o que eu mais desejo na vida.
— Gostaria que você me ouvisse. Acabei de saber que não hou¬ve nenhum engano. Seu desencarne foi a maior ajuda.
Evaristo ergueu a cabeça dizendo com dignidade:
— Não é verdade. Minha vida estava sendo muito útil.
— Para os outros sim, mas e para você?
— Eu estava praticando o bem, logo...
Vendo que ele não entendia decidi ser mais duro:
161

- Você, além de cego, é muito pretensioso! Nunca vi tanta pretensão.
Assustado, ele abriu os olhos e me fixou. Eu continuei:
— Só você pode fazer o que pretende? O que o faz pensar que os outros não sejam capazes de realizá-lo igual ou melhor do que você?
— Por que está me dizendo isso? — balbuciou ele por fim.
— Porque durante muitas encarnações você tem agido assim e criou um carma doloroso que todos nós, seus amigos, estamos querendo evitar. Mas como só você pode conseguir isso, estou fa¬zendo uma última tentativa. O que você prefere? Aceitar o que a vida lhe deu com coragem e humildade, reconhecer que ela sem¬pre esteve certa, ou mergulhar de novo na carne para, a duras pe¬nas, aprender por fim a mesma coisa?
Eu disse isso com tanta convicção, com tanta vontade que ele acordasse! Havia tanta certeza em meu coração e tanto carinho que ele não resistiu. Por seu olhar passou um lampejo de emoção. Lá¬grimas rolaram por suas faces e eu em silêncio esperei. Depois de alguns instantes, ele abraçou-me com força. Embora não tivesse co¬ragem de dizer nada, eu senti que ele havia finalmente entendido.
Saí dali de bem com a vida, alegre e feliz. Como é bom gostar das pessoas! Como tudo se torna mais fácil quando aceitamos a ver¬dade e nos dispomos a cooperar! Isso fez-me pensar. Se eu estives¬se com um problema como esse, gostaria muito que meus amigos fizessem o mesmo. Vocês não pensam como eu?
162ª Constância


Ser constante é uma qualidade, mas pode também ser um em pecilho ao progresso se for teimosia. Notando a dificuldade que as pessoas têm de andar para a frente, venho pensando muito neste assunto, tentando descobrir a diferença entre uma coisa e outra.
Ser constante é ser firme, acreditar em alguma coisa eagir dentro desse conceito, sem medo ou preocupação, sentindo que é verdadeira. Ah! A intuição! Quando bem desenvolvida, não há nada que a substitua. A pessoa sabe que é para fazer isto ou aqui lo, ir por um lado ou por outro. E, nesse caso, fica determinada.nada que os outros digam ou façam pode demovê-la de seus propósito.', Mesmo que os fatos pareçam contrários e que o esperado resulta do demore, não importa, ela continua firme e serena até o mo¬mento em que finalmente alcança o que pretendia.
Que maravilha! Essa é a perseverança dos que acreditam no bem, mesmo diante dos fatos dolorosos dos problemas humanos. Dos sábios que imperturbáveis não perdem a serenidade, sejam quaisforem os acontecimentos a seu redor. Dos cientistas que procuram no vos processos de conhecimento que possam melhorar o padrão di¬vida no mundo. Dos artistas, amantes da beleza, muitos deles in¬compreendidos por sua geração, que atravessam a vida passando por inúmeras dificuldades, insistindo em distribuir seus talentos.
Todos eles sentem, sabem, que a vida é muito mais do qiu-nossos olhos podem perceber. Confiam em sua capacidade. têm certeza de que podem chegar aonde querem, de que são capazes. | a natureza, que sempre dá àquele que tem, um dia os fará chegar aonde pretendem.
Já o teimoso, ao contrário. Ele obstrui a intuição. Julga-se im perfeito e cheio de defeitos. Dessa forma, como confiar em simesmo. mo? Desconfia de toda e qualquer facilidade, por isso pensa quetudo
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deve ser conseguido com muito esforço. Para se poupar de erros e sofrimentos, ele procura ilustrar-se, intelectualizar-se. Através dos livros e das ideias das pessoas de projeção social, ele constrói suas crenças e passa a viver de acordo com elas. Desta forma, sente-se seguro, alicerçado e em boa companhia.
Claro que ele tem medo de sair dessa posição. Ele não confia em si, só decide com a maioria. Só aceita uma ideia depois que a ciência oficial a acatou, que os intelectuais reconheceram e a so¬ciedade adotou. Costumam dizer:
— Eu sou positivo e realista! Só aceito o que é verdadeiro!
Isso é o que eu chamo de errar pela cabeça alheia! Se a socie¬dade estivesse sempre agindo adequadamente, a situação das pes¬soas seria bem outra! Não haveria tantas ilusões, tantos enganos, tantas voltas para se chegar ao mesmo lugar.
É esse estado de coisas que precisa ser observado. A socieda¬de está doente há muito tempo. A ilusão da teimosia começa nela. Qualquer pessoa que deseje trabalhar a favor do bem tem que en¬frentar inevitavelmente o meio social, a descrença, a desconfian¬ça, a dificuldade.
Não é uma atitude prudente, para proteger-se dos abusos que aparecem de vez em quando. Se fosse isso, o bem estaria em pri¬meiro lugar até prova em contrário, haveria o interesse de estudar o assunto, experimentar, sem preconceito ou radicalismo. Mas não é o que se vê.
Quanto mais intelectual, mais radical. Alguns se acreditam tão sábios, tão importantes, tão acima da maioria, que não aceitam nada que não passe pelas regras que estabeleceram. A prova de que eles estão iludidos é que os grandes homens da história só con¬seguiram realizar seus feitos tendo saído do convencional.
O bom senso, a prudência, manda estudar as coisas com isen¬ção, experimentá-las para saber como funcionam. Só assim se pode ter uma visão mais verdadeira de uma ideia ou fato. E, perceben¬do essa veracidade, mudar suas crenças, aceitar o novo, já que ele é melhor.
Estudando as dificuldades que todos temos para mudar, che¬guei à conclusão de que, alguns mais outros menos, ainda carrega-
164

mos dentro de nós, arraigada, essa forma de ver o mundo. Fanatismo a teimosia, o radicalismo, a discussão para confirmar nossas crenças, torcendo os fatos para que eles se adaptem a elas, o pra¬zer de sermos sempre "certos", tudo vem do quanto estamos valo¬rizando as ideias convencionais, em detrimento dos verdadeiros valores de nossa alma.
Aí vocês vão perguntar:
— Quer dizer que a sociedade está sempre errada? Não há nada nela que possamos aceitar?
Esse é o radicalismo maior. Se não podemos aceitar que ela seja parcial, estudar, experimentar, dar a cada coisa o valor que nos pa¬rece ter de verdade, não estaremos sendo extremistas? Claro que há valores convencionados, suficientemente provados, que mere¬cem acatamento e respeito. Não é desses que eu falo, mas dos que todos "acham" sem haver vivenciado, das teorias muito bem bo¬ladas dentro do jogo da lógica humana e que são verdadeiras ar¬madilhas da ilusão. Das que, por conterem alguma parcela de rea¬lidade, encobrem as fantasias do autor. Quantas delas existem pelo mundo infelicitando os que nelas crêem?
E essa história do "Está escrito, é", "Li em um artigo no jor¬nal" ou "Estava no livro do fulano de tal" não quer dizer que seja verdadeiro.
A citação dos autores, dos livros, costuma sempre adoçar a boca das pessoas que gostam de mostrar erudição. E a verdade, quem se preocupa em buscá-la?
Para encontrá-la é preciso mais do que procurar nas ideias alheias. É preciso entrar dentro de si mesmo e buscar a alma. É ela que guarda a perfeição divina em sua essência. Nossa alma sabe tudo, tem tudo, faz tudo. Nós é que ainda não desenvolve¬mos suficientemente nossa consciência para poder vê-la em toda a sua plenitude.
Mas, ainda assim, quando prestamos atenção, quando procu¬ramos ouvi-la, ela sempre responde a nossas indagações. Quem sabe disso aprende a confiar em si mesmo. Valoriza a intuição, per¬cebe a riqueza, a sabedoria, que ela guarda. E um potencial imen¬so, um poder ilimitado, uma capacidade infinita!
165

Puxa! Vocês não sabiam que eram tão poderosos assim. Isso eu garanto. E faço isso não por teimosia, ou por alguémimportante me haver dito, ou por haver lido em algum lugar, mas porque eu já tentei. Experimentei, dei corda à minha intuição e sabem o que aconteceu? Foi maravilhoso! Não é que ela me inspirou mesmo? E eu fiz. Deu tudo certo.
Claro que agora eu sei como resolver meus assuntos e tomar minhas decisões. Não que eu já esteja muito apto e tudo esteja mui' to claro em minha cabeça. Tenho percebido que ainda guardo mui¬tas "regras" convencionadas, vícios intelectuais de quando estava vivendo no mundo, mas faço o que posso para conseguir sair deles.
Como? Quando preciso resolver qualquer assunto e alguém me apresenta ideias diferentes das que conheço, por mais loucas ou es¬tranhas que elas sejam, eu nunca as recuso nem procuro encontrar em minha mente uma explicação para ela. Sem formar nenhum conceito, sem emitir nenhum julgamento, me recolho e tento des¬cobrir o que minha alma diz.
Como eu faço isso? Perguntando a ela, claro. E ela sempre res¬ponde. É só aguardar um pouco sem pensar em nada e logo a res¬posta vai ocorrer. Sim ou não. Quando perceber o que ela diz, é só seguir por aí.
Afinal, estou cansado de errar pela cabeça dos outros. Você não? Quando eu erro por minha própria escolha, sempre aprendo algu¬ma coisa nova. Mas quando eu erro pela cabeça alheia, me fica uma sensação desagradável de frustração, de haver sido enganado, caí¬do em uma armadilha, de haver "bobeado".
Quer coisa mais triste do que isso? Você não pensa como eu?
166

O concerto
Não há nada mais lindo e que fale mais a nossos sentimentos do que um bom concerto. Uma orquestra filarmónica ao vivo, exe¬cutando melodias inesquecíveis que marcaram nossa estadia na Terra, e que por serem belíssimas continuam sendo cultivadas aqui, no mundo onde estou agora, despertam em nosso interior momen¬tos de sublime saudade e encantamento, sem falar das que são com¬postas aqui e que têm o dom de nos enlevar ainda mais.
Quando eu estava na Terra, embora gostasse da alegria ruido¬sa das revistas musicais, sabia apreciar uma boa filarmónica e um bom autor. Melodias existem que têm o condão de falar à nossa alma, transportando-nos ao espiritual.
Aqui, na cidade onde eu vivo, temos regularmente concertos que fariam inveja ao mais exigente expert do assunto, e o espetá-culo tanto pode ser ao ar livre como em nossos teatros, que são be¬líssimos e possuem capacidade para grande número de pessoas.
Aqui, o teatro em todas as suas variações é largamente utili¬zado para o entretenimento, mas neles há sempre o objetivo da edu¬cação e do refinamento.
— Hum! Eles devem ser maçantes!
Alguns vão dizer isso porque na Terra os projetos educativos costumam ser enfadonhos. Eu garanto que aqui isso não acontece. A arte, a beleza, o prazer de um bom espetáculo são considerados de maior importância na educação espiritual de todos.
Você sabia que nós temos escolas que desenvolvem o senso do belo? Pois é. Ficou provado que apreciar a beleza em todas as suas manifestações contribui para a elevação espiritual. Agora você vai dizer que eles estão incentivando a vaidade. Pelos conceitos hu¬manos, a beleza física, por exemplo, pode vir a ser causa de mui¬tos problemas, porquanto incentiva a vaidade. Isso porque a socie-
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dade elegeu determinadas formas e classificou como belas e isso di' vidiu as pessoas. A beleza passou a ser privilégio de alguns, que se encaixam nessa classificação. Quanto aos outros, os diferentes, são todos feios. Essa diferença convencional é que favorece a ilusão de ser melhor e assanha a vaidade.
Aqui, em nossos cursos de percepção do belo, aprendemos a ver a beleza em tudo e em todos. Para isso não vamos colocar uma lente cor-de-rosa e fingir que tudo é bonito. Mas vamos tentar des¬cobrir o que cada um tem de belo. A natureza é amante da beleza. Podemos constatar isso olhando todas as manifestações da vida.
Já não podemos dizer o mesmo a respeito do homem. Por não haver ainda desenvolvido esse senso, nem sempre o que ele constrói tem beleza. Basta olhar certos aspectos da sociedade para per¬ceber isso. Eis por que aqui se trabalha muito para o desenvolvi¬mento desse conhecimento, que é colocado como fundamental para a espiritualização do ser.
Nos mundos superiores, tudo é deliciosamente belo, em seus mínimos detalhes. É riqueza e beleza.
A fartura, a beleza, trazem a harmonia. Foi visitando um des¬ses planos, onde nos é permitido ir de vez em quando para estímu¬lo e desenvolvimento, que comecei realmente a entender por que a beleza é fundamental.
Não a beleza convencional, mas a beleza real, as linhas har¬moniosas que fazem o equilíbrio, os traços essenciais que preservam e criam espaços comunitários auto-suficientes e prósperos. É curio¬so perceber lá que a beleza guarda a sabedoria da utilidade, e a dis¬ciplina facilita a vida, alegre e ordenada. Nesses lugares, não exis¬te tristeza. É contagiante.
Confesso que ao chegar lá, como um moleque endiabrado que pela primeira vez frequenta a alta sociedade, tratei de prestar mui¬ta atenção ao que dizia ou fazia, com medo de cometer uma gafe e causar algum transtorno. Fiquei mudo. Mas meu coração cantava de alegria e eu pensava:
— Este é o lugar com o qual tenho sonhado toda a minha vida!
Que maravilha! Seja o que for que eu olhasse, pessoas, coisas, lugares, tudo era lindo. Era um mundo encantado onde eu adora-
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ria viver para sempre e carregar para lá todas as pessoas Sevocês pudessem estar lá, pelo menos durante alguns minutos!
Você sabia que cultivar a beleza, acreditar nela, ppercebê-la, mudar sua aparência física e atrair para você o que é bom '
— Eu sou feio, meus traços são grosseiros. Nasci assim, com este rosto, e não vou mudar só por cultivar o belo. Ao contrário. Perceber o belo aumenta minha feiúra.
Você pensa assim? Você sempre se compara com os outros? Sai¬ba que a comparação é um hábito doloroso. Você tem alguns mo¬delos, que considera perfeitos e, lógico, muito diferentes de você. Claro que vai perder sempre. Não é disso que eu falo. Você não pre¬cisa comparar-se com nada nem com ninguém.
A natureza trabalha com o belo. Nós fomos feitos pela natu¬reza. É fácil compreender por que temos beleza. Sim. Todas as pes¬soas têm beleza. A alma é a essência divina dentro de cada um. Nos¬so trabalho é perceber onde ela está. Cultivando-a, ela aparecerá e dessa forma transformará nossa vida.
A beleza não está nos traços do rosto mas na luz que cada um tem. Há pessoas consideradas feias pelos padrões sociais, mas en¬cantadoras pelo charme, pela classe, pela lucidez. Aprendendo a enxergar o belo, desenvolvemos o respeito pelas coisas e, consequen¬temente, o capricho, o gosto, o prazer passarão a fazer parte de nos¬sas vidas.
Saber apreciar uma flor em um vaso, um adorno gracioso, um gesto de delicadeza, além de lhe dar prazer, vai atrair para você a harmonia e a elevação espirituais.
Assim como a doença, a dor, a miséria, a violência, a depres¬são, a revolta são frutos da incapacidade de perceber a beleza e a abundância da vida, educar-se para sentir, desenvolver a arte em todas as suas manifestações leva fatalmente ao oposto, atraindo a saúde, a abundância, a harmonia e a felicidade, sem precisar pas¬sar pelos difíceis caminhos do sofrimento.
Quando eu afirmo que evoluir sem dor é possível, e que estou aprendendo isso, é mesmo verdade. Já pensaram que beleza? Estar em um belo teatro, assistir a um maravilhoso concerto, com uma orquestra filarmónica ao vivo, um público atento, educado, e, ain-
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da por cima, evoluindo prazerosamente? Não mais dores, sofrimen¬tos, lutas, mas apenas arte, beleza, harmonia, luz.
Notando a diferença entre esse lindo lugar e o que vai pelo mundo, fiquei pensando: não seria esse o remédio que está faltan¬do na Terra?
A pobreza tem sido responsabilizada pela violência e pelo tris¬te espetáculo das crianças que vivem na rua, exploradas por mar¬ginais, abandonadas pela sociedade. Não creio que essa seja a ver¬dadeira causa. Sempre houve pobres no mundo e por que só ago¬ra as coisas chegaram a esse ponto?
Não será a falta do senso de beleza? Você pode até se admirar e não concordar comigo, mas quer coisa mais feia e desarmônica do que uma favela? Alguns intelectuais, poetas e pintores podem até achá-la romântica, porque nunca viveram nela, mas eu não penso assim. E um lugar feio, malcheiroso, sem conforto, sem pers¬pectiva nem beleza. O que vêem todos os dias seus moradores? Já pensou como ela se modificaria se eles desenvolvessem a percep¬ção do belo e da ordem?
Pois é. Pensem nisso, que é muito mais sério e importante do que a maioria das pessoas acham. Pelo exposto, é preciso valorizar a arte no mundo e desenvolver o senso do belo. Cultivar a beleza é contribuir para o desenvolvimento do espírito. Só um espírito de¬senvolvido tem condições de ser feliz.
Hoje sinto-me alegre por haver mostrado isso a vocês. Afinal, se cada um procurasse tornar tudo mais bonito, talvez nós até pu¬déssemos melhorar o padrão de vida na Terra. E não pense que nós não podemos fazer nada. Podemos sim. Melhorando nosso espaço e nossa vida, estaremos melhorando o mundo. Já pensaram nisso?
170

I

O fundamental
As pessoas têm muita curiosidade sobre a vida no mundo as¬tral. É uma curiosidade misto de dúvida, a vontade de crer de um lado e o receio de embarcar em uma ilusão do outro. Apesar dis¬so, diante de um bom vidente, um tarólogo, numerólogo, cartoman¬te, etc, quem resiste a fazer uma perguntinha?
Na verdade, ao longo do tempo tem se falado muito de vida após a morte, e o assunto tornou-se comum, citado com naturali¬dade. Se alguns já aceitam essa realidade, outros só começam a pensar nela quando morre alguém conhecido ou um ente muito que¬rido. Nessa hora, surge o questionamento. É a vontade de manter a qualquer preço a chama da esperança e de não sofrer a dor do "nun¬ca mais".
No fundo, no fundo, dá para perceber que aquele que nunca se interessou por esse tema, embora se diga descrente, guarda den¬tro de si a certeza da eternidade. Porque ela está lá, no inconscien¬te, em forma de experiência já vivenciada muitas vezes.
Por que então não assumimos logo essa certeza? Por que quan¬do estamos no mundo temos tanta dificuldade em aceitar que a vida continua depois da morte e estamos sempre querendo "provas"?
Tenho pensado muito nisso, assistindo ao desespero dos que perderam pessoas queridas. A onda de violência que assola o mun¬do, onde tantos morrem de forma trágica, sofrem doenças terríveis ou vivem na miséria, crucifica na dor e até na revolta os descren¬tes, mas ao mesmo tempo os empurra a que pensem e repensem no significado da vida e da morte, procurando novos caminhos.
Muitos apelos desesperados nos chegam, os pedidos de socor¬ro, de ajuda, se multiplicam sem que possamos fazer muito. Se como eu disse há muita curiosidade sobre a vida astral, há muita fantasia e pouco estudo produtivo. As pessoas recorrem aos médiuns
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ou aos espíritos como quem vai a uma cartomante, entre a dúvida e a curiosidade, tentando que eles lhes provem alguma coisa para poderem acreditar. Que lhes dêem uma muleta para pendurar-se.
Acham que estou sendo duro? Mas é a verdade. Raros são os que nos buscam interessados em aprender e progredir. Pretendem favores, desejam cultivar facilidades, querem "usar" os espíritos. Acham que nós nos prestaríamos a isso? Claro que não. Não ob¬tendo o que pretendiam, muitos revelam sua revolta, voltando-se contra nós, negando nossa existência, pensando com isso nos de¬safiar a que mostremos nosso poder.
Que pobreza! A descrença desvitaliza a alma, limita sua capa¬cidade de percepção, aumenta o desconforto. Quanto a nós, em¬bora lamentemos, continuaremos a ser como somos, sem que isso nos afete em nada.
Condicionar a fé é empobrecê-la, limitá-la. Querer que a es¬piritualidade entre nas estreitas regras do mundo, para poder ma¬nipulá-la, é até ingenuidade.
Estou escrevendo isso porque, apesar de tudo, eu gostaria que as pessoas entendessem como as coisas funcionam, não só na Ter¬ra mas também aqui, no astral. Embora algumas condições sejam diferentes, tudo é energia e essas diferenças só existem no volume de condensação.
As leis universais funcionam igualmente em todo lugar e aprender como isso acontece pode facilitar nossa vida e nos pou¬par muito sofrimento.
Eu não disse que estou aprendendo a evoluir sem dor? Pois é. E sobre isso mesmo que estou falando. Então o problema de sofri¬mento humano é de educação? Claro que é. E, falando de educa¬ção, não estou falando de ilustração, nem de ser bem comportado, o que na Terra significaria obedecer às regras sociais. Não é nada disso. Eu estou falando de conhecimento. De observar, de experi¬mentar e saber como cada coisa funciona. No que dá certo, há um resultado que nos agrada e nos causa bem-estar, nos indicando por onde deveremos ir. Quanto ao que deu errado, é só não repetir e pronto. Eu estou falando de felicidade.
Aí vocês vão dizer:
172

— Quem pode falar em felicidade quando perdeu um ent(
querido?
Quando você já programou a desgraça em sua vida, o que pode esperar? Eu estou falando da profilaxia. De evitar que as coisas che¬guem ao que não desejamos.
— Você pretende dizer que poderia evitar as tragédias do
mundo?
Eu afirmo que isso é possível! Dito assim parece utopia, mas eu sei que tanto é possível que um dia isso acontecerá de verdade. O que eu gostaria, muito mesmo, era de evitar o volume espanto¬so de dor e sofrimento, o tempo enorme que as pessoas consomem para conseguir um resultado que poderiam obter em menos tem¬po e sem dor.
A fórmula é fácil. Hoje já se sabe que o subconsciente é como um computador. Nossos pensamentos, atitudes e crenças o progra¬mam. Ele não tem nenhum senso de avaliação, só a função de ma¬terializar nossas criações mentais. Por essa razão cada um é total¬mente responsável pela vida que tem. Quando muda suas crenças, a mudança vai se refletir em sua vida. Percebem que imenso po¬der cada pessoa tem? Dá para descobrir por que, apesar de querer¬mos ajudar a uma pessoa, dificilmente o conseguimos? Ela só vai mudar quando quiser fazer isso. Quando achar que é bom para ela.
Quem não gostaria de ser feliz? Quem não sonha em viver na abundância, com saúde e alegria? Quem não gostaria de banir a dor para sempre? Até o marginal mais empedernido, o revoltado mais violento, o verdugo mais cruel, responderiam que sim a es¬sas perguntas.
É isso o que todos querem, só que eles ignoram como chegar a esse resultado. Seguem por caminhos equivocados, iludidos, plan¬tando violência e colhendo dor. A educação com a qual tenho so¬nhado é a de poder levar a realidade astral a todas as pessoas sofre¬doras, iludidas. Ela é muito diferente daquilo que a maioria pensa.
O mundo astral, a vida espiritual não são meras suposições de alguns visionários. As leis universais, embora não estejam escritas, funcionam o tempo todo, perfeitassérias, e reais. É por isso que não desisto e continuo escrevendo para vocês.
173

Podem imaginar como seria o mundo se todos programassem seu computador mental para o bem? Se todos só acreditassem na saúde, na bondade, na abundância, na espiritualidade? Mundos assim já existem no astral, e eu até já estive em um. Que maravi¬lha! Tudo fácil, bom, bonito e agradável. Só progresso e luz.
Estou entusiasmado. Sabem por quê? Porque sei que o mun¬do terreno já está maduro para essa conquista. Foi o que disseram nossos mentores espirituais. Que tal estudarmos o assunto e fazer¬mos um movimento de reeducação do subconsciente? Todos os centros espíritas estão sendo convidados a desenvolver esse traba¬lho. Enquanto procuramos atender os desencarnados, os médiuns da Terra deverão atender a educação das pessoas, no desenvolvi¬mento interior.
Não é uma maravilha? Vamos estudar o assunto, arregaçar as mangas e trabalhar. Todos podemos, basta querer. Não concordam comigo?
174


O autocontrole

Depois de uma palestra sobre a necessidade de controlar o pensamento, meu amigo Nestor estava inconformado. Eu já disse a vocês que, aqui, todos nós, os fantasmas desencarnados, estamos nos preparando para a reencarnação. Mesmo não sabendo quan¬do mergulharemos novamente no oceano tempestuoso do mundo terreno, nós nos preocupamos em aprender, porquanto uma reen¬carnação será sempre uma sabatina sobre o que realmente já assi¬milamos. Uma avaliação para verificar se já estamos preparados para seguir adiante. Quando retornamos de uma reencarnação é que sentimos como nos saímos. Nessa hora, o quadro de nossas conquis¬tas aparece claro e definido.
Se nas escolas do mundo há o professor que vai avaliar nosso desempenho, nos apoiando e estimulando a prosseguir, aqui so¬mos nós mesmos que devemos avaliar, escolher o próximo passo. Nos oferecem as possibilidades, representadas por nossas necessi¬dades, e somos nós que decidimos como faremos isso. Imaginaram que responsabilidade? Se sair errado, nem sequer poderemos divi¬dir a culpa com os outros.
Por isso os cursos de autoconhecimento são tão conceituados por aqui e muito frequentados. Os especialistas do comportamen¬to são sempre muito procurados e a terapia é uma constante. E fas¬cinante aprender como fazer as coisas. Encontrar o caminho ade¬quado é a chave para a evolução sem dor. Claro. A dor é sempre uma resposta desagradável, e mostra que não escolhemos o cami¬nho mais fácil. Apesar de ela nos fortalecer, preferiríamos evitá-la. Quando encontramos a chave essencial e aprendemos como fazer, tudo dá certo. Aliás, eu já disse a vocês que o sofrimento não é a única forma de evolução. Existem outras, menos trabalhosas. Bas¬ta aprender como fazer isso.
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Perceberam por que todo mundo por aqui vem frequentando os cursos de auto-ajuda? Isso mesmo. Se vocês estivessem aqui, não fariam o mesmo? Apesar de que sempre é tempo de começar, e é isso que estou tentando lhes dizer desde que comecei a escrever para vocês. Se desejarem fazer isso, seus guias espirituais com satisfação procurarão fazer "chegar a suas mãos" todas as informações que precisarem. Experimentem e verão. Eu até acho que ficarão mui¬to felizes porquanto com isso se pouparão de muito trabalho. Já pen¬sou como eles se esforçam para tentar "protegê-los"? Os pais ficam felizes quando seus filhos crescem e não precisam mais vigiá-los vin¬te e quatro horas por dia a fim de evitar que se machuquem.
Pois é. Você acha que está crescido e não dá mais trabalho a seu guia espiritual? Se isso fosse verdade, você seria uma pessoa fe¬liz, com muita saúde, dinheiro e amor. É esse seu caso? Se for, pa¬rabéns. Porém, se sua vida está um caos e nada dá certo, pode ima¬ginar o trabalho de seu protetor? Você pode até achar que sua vida está assim justamente porque ele não está aí fazendo seu papel, mas eu garanto que está enganado. Ele está, sim. Triste, cansado, desanimado, tentando aconselhá-lo, sem conseguir ser ouvido. Já pensou a alegria dele se você começar a crescer? A assumir a res¬ponsabilidade por sua vida? A tentar conhecer como conseguiu transformá-la no que é? Que ideias e crenças você cultiva que o im¬pulsionam a agir de forma tão inadequada?
Eu não estou aqui para criticar ninguém e longe de mim a ideia de julgá-lo. Desejo apenas que compreenda que se sua vida está ruim, se você está colhendo sofrimentos, se a dor é sempre sua companheira, algo deve estar errado. Nós não fomos criados para o sofrimento. Deus nos deu um destino bom. Tanto que alguns que já descobriram isso vivem melhor. Eu queria que percebesse que se mudar sua forma de ver, as ideias e conceitos que estão gerando seu comportamento, sua vida mudará. Não acredita? Experimente e verá.
Por isso estamos nos esforçando para crescer um pouco mais. Para desenvolver nossa consciência e o consenso de realidade a fim de agirmos com mais eficiência. Sabemos que, se fizermos isso, der¬rotaremos de vez o sofrimento. Já pensaram que maravilha? Viver muitos anos na Terra com saúde e bem-estar, em uma sociedade har-
176

moniosa, conviver com pessoas educadas, saudáveis e felizes como nós, desenvolver a beleza, cultivar as artes, compreender a natu¬reza... Acham que estou sonhando? Que esse mundo nunca será assim? Cuidado, porque com essa crença está contribuindo para que tudo continue como está, principalmente em sua vida. Eu afirmo que é possível.
Nestor sabe de tudo isso e concorda. Ele já tem data marcada para começar os preparativos para sua reencarnação. Vendo-o agi¬tado ao sairmos da palestra perguntei:
— Não gostou da palestra de hoje?
Ele meneou a cabeça interdito:
— Não é bem assim como eles dizem. Ontem fui a um tera¬
peuta que me disse que preciso liberar meus sentimentos, para que
minha alma possa expandir-se. Que eu ando bloqueando o que
sinto. Hoje, ouvi justamente o contrário. Se não aprendermos a con¬
trolar nossos pensamentos, jamais encontraremos o equilíbrio. Não
lhe parece um contra-senso?
Pegou-me desprevenido.
— Nosso professor goza de alto conceito com nossos maiores. Possui vasto conhecimento. Tem certeza de que entendeu o que ele disse?
— Claro. Você não?
— Entendi e penso que ele está certo. Já reparou como diva¬gamos constantemente? Sem falar das energias que captamos do am¬biente. Entendo que seja necessário estarmos atentos a fim de não nos tornarmos robôs das ideias dos outros.
— Quer dizer que concorda? Nós precisamos mesmo apren¬der a controlar as ideias?
— Concordo.
— Então não é para liberar os sentimentos, como disse o te¬rapeuta. E sim para controlá-los.
Finalmente entendi o que ele queria dizer. Sorri com tranqui¬lidade e respondi.
— Você está falando de duas coisas diferentes. Não é para
controlar o que você sente. É para liberar seus sentimentos, sua alma.
Fazendo isso estará alimentando a intuição, deixando sua essência
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espiritual vir à tona. Agora, os pensamentos não brotam da alma, mas da cabeça, do raciocínio, da cabeça dos outros, e circulam à nossa volta e os captamos com facilidade. A diferença está no es¬colher. Quando optar, nunca vá pelo racional, pelo que vai pela sua cabeça. Ela é quem precisa de controle. Na dúvida, deixe sempre falar o coração.
Nestor sorriu confiante.
— Não havia pensado nisso. Não é que ambos têm razão?
Tudo sempre tem dois lados. Sempre será preciso contemplar os dois e discernir. Não é verdade?
178

A recriminação
Minha amiga Helena estava inconformada. Esperara durante dois anos pela oportunidade da reencarnação e agora, quando se julgava preparada, com todas as chances de uma nova vida de su¬cesso, não obteve permissão. Por causa disso mergulhou em funda depressão.
Havíamos frequentado um curso juntos, e nos tornamos gran¬des amigos. Eu a admirava. Arguta, inteligente, esforçada, otimis-ta, granjeou desde logo minha amizade. Costumávamos conversar sobre nossas vidas, nossos sonhos para o futuro. Eu sabia que ela esperava muito dessa próxima reencarnação e que essa impossibi¬lidade jogava por terra seus sonhos mais caros.
Em sua última encarnação na Terra, amara profundamente e fora correspondida. Casaram-se e tiveram três filhos. Classe média alta, vida social intensa, tudo parecia ir muito bem. Até que He¬lena começou a ser assediada por um amigo do marido, que se di¬zia apaixonado. A princípio Helena não lhe deu ouvidos. Como ele insistisse, com o tempo ela ficou envaidecida e começou a pres¬tar atenção nele. Aos poucos foi se envolvendo e acabou por sen¬tir uma louca paixão por ele. Era como uma sede que, quanto mais saciada, mais aumentava.
Helena perdeu a alegria, a discrição, o bom senso, estabele¬cendo uma tragédia de dolorosas consequências: seu marido deu três tiros no falso amigo e, tendo sido absolvido no julgamento, separou-se dela, tirando-lhe os filhos, que ficaram sobre a tutela dos avós paternos. Quando tudo se consumou, a paixão de Hele¬na havia acabado e ela, desesperada, cheia de remorsos, mergulhou na culpa, perdendo o ânimo de seguir adiante. Reconheceu o quanto amava o marido e os filhos e não se conformava em ter agi¬do tão levianamente.
179

Por causa disso, fechou seus sentimentos ao amor e durante mui¬tos anos foi incapaz de amar. Teve duas encarnações na Terra, du¬rante as quais se puniu com a virgindade. Com o tempo, no astral, houve o reencontro com a antiga família. Osvaldo, seu ex-mari-do, havia se tornado desconfiado e arredio. Nunca mais confiara em outra mulher. A antiga ferida ainda doía e o amor que sentira por Helena ainda estava lá, sofrido, amargurado. Começaram a encontrar-se, e as queixas e explicações de parte a parte foram la¬vando as feridas, e um dia reconheceram que, apesar de tudo, ain¬da se amavam. Passaram a viver juntos, e os antigos filhos os visi¬tavam. Depois de tantos anos, finalmente as coisas haviam se ar¬ranjado e eles se sentiam felizes outra vez.
Apesar disso, eles sabiam que um dia teriam que reencarnar novamente e sonhavam continuar juntos. Claro que a situação se¬ria diferente. Muitas coisas haviam se modificado. Não teriam os mesmos filhos, uma vez que durante aqueles anos haviam assumi¬do outros compromissos. Mas queriam ficar juntos. Amavam-se e não conseguiriam viver com outras pessoas.
Para conseguir o que pretendiam, pediram uma reunião com nossos maiores. Feita a solicitação, o assistente espiritual encarre¬gado mostrou-se favorável ao pedido:
— Vejo que estão bem agora. Acredito que consigam o que pretendem. Há muito esperávamos por essa decisão e temos tudo preparado. Osvaldo reencarnará dentro de algumas semanas e você Helena, dois anos depois.
— Dois anos? Por que não poderei reencarnar ao mesmo tem¬po que ele? Quanto mais demorar, mais viveremos separados. Gos¬taria de abreviar esse tempo.
— Impossível. Precisamos de sua cooperação durante esse tempo. Em tudo isso não os ouvi mencionar Renato.
— O que passou, passou — disse Osvaldo. — Quero esquecer.
■— Eu também — disse Helena. — Desejo que ele esteja feliz
e encontre também a felicidade. Nós já o perdoamos.
—Não é o suficiente. Vocês ligaram-se uns aos outros e, se reen¬carnarem juntos, ele fatalmente será atraído.
— Como assim? — disse Osvaldo assustado.
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Mensagem por Admin Sáb Jan 08, 2011 3:06 pm

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— Nascerá como filho de vocês.
— Não é possível! — disse Helena. — Não compreende que jamais nos entenderíamos? Que por causa dele destruímos nossas vidas e nos atormentamos até agora?
— Você não perdoou?
— Perdoei. Mas, depois do que aconteceu, não gostaria de conviver com ele de novo. Nunca mais nos encontramos. Nem sei como ele está agora.
— Melhor. Antes julgava-se injustiçado. Queria encontrá-la a todo custo. Só acalmava um pouco quando reencarnado. Mas, mesmo durante o sono, andava à sua procura. Deu-nos muito tra¬balho contê-lo.
— Não posso concordar em recebê-lo em nossa casa. Depois de tudo... — considerou Osvaldo transtornado.
— Nesse caso, não conseguirão ficar juntos na próxima encar¬nação. Pensem bem e percebam que só o amor filial poderá apa¬gar o desentendimento entre vocês.
A partir daí, eles foram se acostumando com a ideia. Osval¬do precisava reencarnar e seu tempo estava vencendo. Ninguém poderia anular a força das coisas. Resolveram concordar. Foi feita uma reunião entre os três. Apesar da repulsa que sentia por Osval¬do, Renato concordou, uma vez que ficar ao lado de Helena era tudo quanto ele desejava. Osvaldo reencarnou e Helena ficou, à espe¬ra do próximo reencarne.
Foi durante esse tempo que nos conhecemos e ela sempre fa¬lava de suas esperanças e sonhos. A recusa inesperada a surpreen¬dera. Fui visitá-la. Notei logo sua tristeza. Sentados na varanda florida de sua casa, tentei levantar-lhe o ânimo:
—Não fique triste. Nossos maiores sempre agem pelo melhor.
—Não me conformo. Depois de tantos anos de espera! Osval¬do está lá. Foi na certeza de que eu o encontraria. Como ficaremos?
— Não será mera questão de tempo?
Ela sacudiu a cabeça:
— Não. Eles foram categóricos. Não vou reencarnar por ago¬
ra. Eles haviam concordado. Teriam nos enganado para que Osval¬
do concordasse?
181

— Você não está bem! Sabe que eles falam a verdade mesmo que seja dolorosa. Devem ter um motivo justo.
— Não têm. Você sabe de minha rejeição por Renato. Duran¬te esses dois anos, seguindo orientação deles, tenho tentado con-viver amigavelmente com ele. Não tem sido fácil. Ele continua fi¬xado em mim. Acredita que me ama e se desespera quando tento convencê-lo de que nosso afeto deve ser só filial. Há momentos em que preferia ficar longe dele. Mas corajosamente, pensando em nosso futuro, enfrento a situação. Tenho contado os dias que fal¬tavam para que esses dois anos de sofrimento acabassem. Agora, sinto que foi tudo em vão. A partir de hoje, me recuso a ver Re¬nato. Ele que se arranje. Não faço mais nada. Estou cansada.
Durante algum tempo, tentei erguer-lhe o ânimo sem conse¬guir nada. Saí entristecido e fui conversar com meu amigo Jaime para saber se havia algo que eu pudesse fazer. Finalizei:
— Helena é corajosa e dedicada. Gostaria de poder fazer al¬guma coisa em seu favor.
— Não pode.
— Por que ela não obteve permissão para reencarnar?
— Porque ainda não está preparada.
— Não? Depois de tanto esforço?
— E verdade. São os segredos do coração. Apesar do que ela diz, ainda se perturba muito com a presença de Renato. Seu cora¬ção balança entre ele e Osvaldo, e se a cabeça racionaliza e esco¬lhe o ex-marido, o coração pende muito por Renato.
— Mas ele será seu filho. Esse sentimento não se modificará através dessa experiência?
— Ê verdade. Isso tem chance de ocorrer. Não é o que a im¬pede de reencarnar. Por tudo que ela já fez, pelo progresso que al¬cançou, Helena faz jus a uma vida melhor. Ela poderia reencarnar para desenvolver outras necessidades de seu espírito e deixar esse caso para mais tarde, quando já houvesse superado todo o ressen¬timento e a recriminação.
— Recriminação?
— Sim. Apesar do que parece, ela ainda não venceu a recri¬minação e vive constantemente se cobrando pelo passado e a Os-
182

valdo por haver tirado a vida de Renato. Se ela renascer sem ven¬cer esse problema, tendo que suportar a vida entre os dois, fará dis¬so um inferno.
— Mas essa não é uma necessidade dela? Um dia não terá que vencer isso?
— Sim. Mas tudo será mais fácil quando ela vencer a culpa. Porque, apesar de tudo, ela continua lá, atrapalhando tudo.
Balancei a cabeça pensativo. Por que multiplicamos tanto o peso de nossos enganos, cultivando a culpa? Até quando ela nos derrotará?
Saí pensativo. Apesar de tudo, vou tentar ajudá-la. Sei que, passada essa crise, ela vai reagir. Afinal, o tempo cura todas as fe¬ridas e amigo é para essas coisas. Você não acha?
183



Curioso resgate
ir
Em meio à escuridão da noite nós caminhávamos em silêncio. Nossa missão era resgatar três pessoas que deixaram a terra ines¬peradamente.
Não que nossas fichas não sejam organizadas. Ao contrário, temos registros minuciosos mencionando todas as probabilidades dos casos, com datas precisas e tempo determinado para acontecer.
Mas, para minha surpresa, havíamos sido convocados por um chamado inesperado.
Como? Nossos arquivos não estavam tão bem-feitos quanto pensávamos? Havia possibilidade de acontecimentos não cogita¬dos por nossos maiores?
Enquanto eu, Jaime e Ernesto nos dirigíamos ao local indica¬do, pensávamos a mesma coisa, mas ninguém se sentia encoraja¬do a manifestar-se.
É que estávamos tão habituados a confiar na organização en¬carregada de cuidar das reencarnações e controlar todos os dados que preferíamos não emitir opiniões precipitadas.
Chegando em um bairro da periferia de S. Paulo, procuramos o endereço.
Não nos foi difícil encontrá-lo, uma vez que o local estava tu¬multuado e havia muitas pessoas, apesar do adiantado da hora. Carros da polícia, jornalistas à cata de matéria, curiosos.
Na calçada, um corpo coberto por jornais que a polícia cerca¬ra proibindo que tocassem.
Dentro de casa, duas mulheres chorando inconformadas, as¬sustadas, ainda em estado de choque.
Olhamo-nos indecisos. Estávamos ali para buscar três pessoas e havia apenas um morto. Apressamo-nos a conferir o endereço. Era aquele mesmo. Teria havido um engano?
184

Jaime nos tranquilizou:
.— Esperemos o que vai acontecer.
— O espírito que habitava esse corpo já foi retirado?
perguntei admirado.
-Já.
— Nesse caso... Jaime me interrompeu:
— O momento é de expectativa. Vamos aguardar.
Fiz o possível para dominar a curiosidade. Reconheço que há momentos em que sinto dificuldade para controlá-la.
Aquele caso parecia-me algo comum nos dias de hoje. Um ho¬mem fora assassinado por marginais ao chegar em casa.
— Vamos entrar — disse Jaime.
Ele entrou e o acompanhamos. Abraçadas uma à outra, as duas choravam.
— Bem que eu pedi a ele que não saísse hoje. Mas sabe como ele era, quando queria uma coisa não desistia. Eu estava com um pressentimento ruim.
— Ele nunca nos quis ouvir. Desde criança, como mãe eu ten¬tei aconselhá-lo, mas qual, sempre fez o que lhe deu na telha. O resultado está aí.
— E agora, o que será de nós sem ele?
Elas continuavam se lastimando sem perceber nossa presena. Um policial entrou dizendo:
— Sinto muito, mas vocês precisam nos acompanhar até a de¬legacia para prestar declarações.
— Nós já contamos tudo que sabemos — disse a mais velha.
— A polícia técnica já acabou e recolhemos o corpo. Não conseguimos nenhuma testemunha. Não havia ninguém na rua quando aconteceu. Vocês são os únicos parentes, precisam ir co-nosco até a delegacia.
Depois de alguma resistência, as duas concordaram. Elas saí¬ram e nós ficamos.
— Vamos evitar pensamentos dispersivos e nos mantermos li¬
gados com a luz — pediu Jaime. — Vamos arejar um pouco este
ambiente.
185

Obedeci.
De fato, a atmosfera daquela casa era pesada e desagradável.
Durante certo tempo nos ocupamos em envolver aquele am¬biente de luz.
Em certo momento entrou na casa um homem e reconheci. Era o dono da casa. Trazia ainda na cabeça a marca da pancada que o abatera e no peito a ferida da faca que o vitimara. Porém não de¬monstrava estar sofrendo nem ter conhecimento de sua situação.
Entrou pé-ante-pé como se não quisesse fazer ruído, olhando de um lado e de outro para certificar-se de que não estava sendo visto.
Claro que não estava nos vendo.
Ah! o prazer de ser invisível! Se vocês pudessem saber como isso é emocionante! Por outro lado fico pensando se não haverá junto a nós também pessoas que não podemos ver, a nos obser¬var constantemente. Esse pensamento me incomoda um pouco, mesmo sabendo que aqui no astral não dá para ocultar nada de ninguém.
Ele entrou, foi até a cozinha e remexeu no gás do fogão. Não sei como ele conseguiu isso, uma vez que não dispunha mais de um corpo de carne para atuar. Mas ele fez. Na hora não percebi bem o quê. Depois, dirigiu-se ao quarto e postou-se atrás da veneziana à espera.
Poucos minutos depois ouvimos um ruído. Alguém estava ten¬tando entrar na casa forçando a janela. Esperamos.
Nosso homem escondeu-se atrás da porta do quarto que esta¬va aberta.
— Entre, Paulo. Tudo limpo. Vamos lá. Depressa! — disse um
depois de abrir a veneziana e saltar para dentro do quarto.
Logo outro vulto saltou para dentro e fechou a janela. —• Não vamos acender a luz, trouxe a lanterna?
— Trouxe. Vamos procurar. Tem que estar em algum lugar. Os dois começaram a revirar tudo.
— Precisamos acabar antes que elas voltem.
Depois de muito procurar, arrastaram a cama e perceberam al¬guns tijolos soltos na parede. Imediatamente os tiraram, encontran¬do um envelope grande e grosso.
186

— Deve ser esse!
Enquanto um segurava a lanterna, o outro abria o envelope. Sorriram satisfeitos. Enquanto eles davam a busca o espírito do morto saíra sorrateiramente de trás da porta, esgueirando-se para a cozinha, e continuou mexendo no fogão. O que estaria fazendo?
Antes que eu pudesse dizer alguma coisa, Jaime disse rápido:
— Vamos sair deste lugar já e esperar do outro lado da rua.
Depressa!
Puxou-nos pelo braço e imediatamente nos afastamos do lo¬cal. Foi no momento exato. Ouvimos um estrondo ensurdecedor e a pequena casa foi pelos ares.
Gritos, correrias, confusão, corpo de bombeiros tentando impedir que o fogo que sucedera à explosão destruísse as casas ao redor.
Eu ainda não me refizera do susto quando vi o espírito do dono da casa trazendo pelo braço os espíritos dos outros dois que ha¬viam invadido sua casa. Eles estavam em estado de choque, sem entender ainda o que havia lhes acontecido.
Nosso homem dizia satisfeito:
— Vocês quiseram me passar a perna, mas eu sou mais esper¬
to. Quando vocês iam eu já ia voltando. Só porque vocês são ri¬
cos, estudados, cheios de poder, pensam que podem mandar em todo
mundo e fazer o que querem? — ele ria irónico. — Pois comigo não.
Agora vocês vão ver com quantos paus se faz uma canoa.
Jaime olhou-nos sério e disse:
— Ê agora. Vamos intervir. Aproximamo-nos dele, que nos olhou assustado.
— Viemos buscá-lo, José.
— Quem são vocês? O que querem?
— Vimos tudo que você fez. Tem que vir conosco.
— São da polícia? — indagou ele assustado.
— Não. Queremos ajudá-lo.

— Não creio. Vocês não podem me prender. Eles mereciam o que lhes aconteceu.
— Vimos quando você preparou o botijão de gás e fez a casa explodir — tornou Jaime calmamente.
187

— Como pode ser? Não havia ninguém lá!
— Vamos embora. Eles também virão.
■— Não é justo. Eles me assassinaram! — gritou ele. Não é que ele sabia que estava morto e que fora assassinado? Ao que Jaime respondeu imperturbável:
— Não foram eles que o mataram.
— Eles mandaram aquele infeliz me matar. Sei que foram eles. Não queriam que eu mostrasse as fotos da irmã deles que andava com um homem casado.
— O que você não sabe é que eles nada tiveram a ver com o crime. Você foi morto mesmo por um marginal que o queria rou¬bar. Eles souberam do crime e resolveram entrar em sua casa para procurar as fotos com medo de que a polícia as encontrasse e fizes¬se publicidade sobre o caso.
— Quer dizer que não foram eles?
— Não. Você se precipitou e acabou deixando sua mãe e sua mulher sem casa para morar.
Então, como se tivesse dado acordo de si, ele começou a cho¬rar e a lamentar-se.
Nós havíamos cuidado dos outros dois, aplicando-lhes ener¬gias de relaxamento, fazendo-os adormecer, e não nos foi difícil levá-los para o lugar onde deveriam ficar.
Mil perguntas surgiam em minha mente sem encontrar respos¬ta. Quando voltamos, Jaime olhou-me sorrindo:
— Os fatos de hoje deram voltas à sua cabeça. O que você quer perguntar?
— Tudo. O que aconteceu de verdade? Por que nosso pessoal não previu aqueles fatos? Como um espírito tão primitivo como aque¬le conseguiu fazer aquele gás explodir? A proteção dos outros dois não funcionou?
— Eu sabia que você estava curioso. Neco vivia de expedien¬tes, explorando a credulidade e os problemas alheios. Casualmen¬te descobriu o envolvimento de uma moça da sociedade com um político famoso. Fez a fotos, arranjou provas e tentou chantagear a família. Procurou os dois irmãos da moça, que concordaram em dar o dinheiro para que os pais não soubessem de nada. Neco be-
188

beu um pouco e se abriu mais do que deveria com outro marginal, chegando a dizer quando deveria receber o dinheiro.
— Ele estava com o dinheiro quando foi morto? — indaguei.
— Não. Era para ser nesse dia, mas eles não conseguiram ar¬ranjar a quantia e pediram mais alguns dias. Isso o assassino não sabia. Pensou que ele estivesse com o dinheiro e fez o assalto. Po¬rém não conseguiu o dinheiro. Os dois irmãos, quando ouviram a notícia pelo rádio, com medo resolveram procurar as fotos e as en¬contraram. Foram surpreendidos pela astúcia de Neco, que lhes armou a cilada, provocando a morte.
— Estou admirado. E a proteção deles? Por que permitiu que eles fossem atingidos? Eles não eram gente de bem? Afinal eles estavam sendo vítimas de Neco e não tiveram culpa de sua morte.
— A defesa deles não funcionou por causa da vida que eles levavam. Acreditavam que eram donos do poder e que o dinhei¬ro podia lhes comprar tudo. Assim, faziam o que lhes dava na te¬lha sem respeitar o direito dos outros. Invadiam o espaço alheio sem nenhuma consideração. Foi fácil portanto para Neco invadir o es¬paço deles.
— Se não fosse ele, poderia ter sido outro.
— Isso mesmo. Eles eram assassináveis. Entendeu agora?
— Entendi. Apesar de tudo, a moça e o político foram pou¬pados. Ninguém vai descobrir nada. Sua reputação nesse episódio permanecerá intocada. Ele teria proteção especial?
Jaime sorriu ao responder:
— Apesar de não controlar seus impulsos amorosos e manter relações extraconjugais, ele realiza um bom trabalho no campo so¬cial, contribuindo para o progresso do país. Depois, sua esposa é mu¬lher muito respeitada em nossos meios por sua bondade e lucidez. Na verdade, ela nunca será atingida pelo mal, já que sabe viver sem¬pre no bem.
— Por que esses acontecimentos não estavam previstos em nos¬sas fichas?
Jaime olhou-me e havia um brilho malicioso em seus olhos quando disse:
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— Nossos fichários podem não estar completos por necessi¬dade de sigilo mas pode ter certeza de que tudo está sob controle.
Saí dali pensando. Não é que tudo estava certo? Qualquer acontecimento, por mais extraordinário que possa nos parecer, tem uma causa justa, um fim determinado pela sabedoria da vida, que sabe manejar tudo com maestria. Sabendo disso, não seria uma boa ideia aprender a confiar?
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Diferentes paisagens
Em campo aberto eu caminhava leve, olhando maravilhado o céu azul e sem nuvens, aspirando gostosamente o aroma delica¬do das flores do campo, que aqui e ali enfeitavam o verde do mato que se estendia ao redor de mim.
O sol brilhava e eu sentia na pele o calor de seus raios, o que me proporcionava gostosa sensação de bem-estar. Não fora a deli¬cadeza rarefeita da brisa que me envolvia, o brilho delicado que no¬tava nas flores, cujo perfume provocava em mim sensações profun¬das e prazerosas, eu acreditaria estar ainda vivendo na Terra. Mas não. Essa paisagem, muito parecida com as que visualizava no mun¬do, está localizada em uma cidade de outra dimensão.
Apesar de semelhante, ela difere das da Terra porque é mui¬to mais atuante, mais viva. Aí, embora as paisagens sejam lin¬díssimas, permanecem indiferentes a nosso contato. Sua beleza para os encarnados é mais visual. Sua captação vai depender da sensibilidade de cada um. Só os que já desenvolveram certo sen¬so se detêm para admirá-las e raros conseguem registrar suas energias sutis.
Aqui não. A brisa que circula é leve e transmite agradável sen¬sação de bem-estar, de alegria e disposição. O brilho cintilante das cores, mesmo as mais suaves, transmite energia, vigor, motivação. Os perfumes penetram em nossa alma, despertando nela emoções gratificantes, como se uma mão delicada e suave estivesse tangen¬do magicamente as cordas de nossos sentimentos, elevando-os.
Por isso, estar neste lugar privilegiado é uma bênção maravi¬lhosa e eu gostaria que vocês pudessem estar aqui comigo, usu¬fruindo essa dádiva. Neste momento, sinto uma vontade enorme de contar toda a alegria que me banha o espírito, todo o prazer de viver que estou sentindo agora.
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Vocês que me conhecem, que têm acompanhado minha tra-jetória, mesmo depois de morto, sabem que a alegria tem sido mi¬nha amiga predileta. Sempre acreditei que ela era a chave para to¬das as conquistas de nosso espírito. Hoje, depois de tanto tempo, de tantas andanças, posso dizer que estava absolutamente certo.
Foi ela quem me ajudou a vencer as dificuldades de um tem¬peramento emocional e impetuoso cuja sensibilidade exacerbada muitas vezes me colocou em dificuldades, levando-me a dramati¬zar demais. Contudo, mesmo quando no auge de meus momentos dramáticos, eu me esforçava para encontrar a alegria, observando os fatos com humor e me negando a conservar por muito tempo a tristeza ou a depressão. Foi isso que me ajudou.
Acham que é difícil? Pode parecer, mas eu fiz. É que apesar de estar vivenciando problemas, e de dramatizá-los, meu lado crítico, bem-humorado, não deixava de funcionar. Era engraçado. Mesmo na maior tristeza, eu observava o lado engraçado e acabava por minimizar minha dor. Vocês já notaram como mesmo as situações mais dramáticas podem ser transformadas em comédia?
É dessa verve irreverente que os grandes humoristas se ser¬vem para criar suas anedotas. É que o povo gosta de rir da desgra¬ça alheia. Como eu já disse uma vez, o cego, o surdo, o velório, a viuvez, o bêbado, o gago, o adultério são excelentes temas para o teatro de humor. Sempre dão resultado. As pessoas se identificam porque têm sempre um parente, um amigo, um conhecido que se encaixa nesses modelos.
Os personagens de minhas peças de teatro eram inspirados nas dificuldades de cada um, o que os tornava muito humanos e fáceis de serem entendidos. O melhor humor é aquele que mostra o ób¬vio, que todos conhecem mas ninguém tem coragem de apontar. Aí vocês podem dizer que eu era maledicente e não deveria estar agora usufruindo esse lugar delicioso onde estou passeando agora.
E se eu lhes dissesse que os conceitos do bem e do mal que ain¬da vigoram na Terra estão fora de moda aqui no astral e muito ul¬trapassados? Pois é. Para os que andam aí vigiando todo mundo, com o dedo em riste pregando o "certo ou errado", sinto dizer que vão se arrepender quando voltarem para cá.
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Para os "donos da verdade", principalmente os que falam em nome da religião, a decepção será maior. Os critérios aqui são ou tros. As regras estabelecidas pelos homens são retrógradas c nada significam. Ou melhor, elas quando levadas a sério dificultam e li¬mitam as pessoas, tornando-as julgamentosas e preconceituosas, im-pedindo-as de perceber os valores verdadeiros da alma.
A moral cósmica baseia-se nos valores eternos do espírito. In¬felizmente, muitos desses valores estão invertidos na Terra, distor¬cidos e modificados pelo intelectualismo dos incompetentes. Aí a sociedade valoriza o intelectual; aqui se valoriza o espiritual. A grande diferença está nisso. Tornar-se espiritual é perceber em to¬das as coisas a essência. É passar por cima do que parece e perce¬ber o que é. Quando eu escrevia minhas peças, não era isso o que eu fazia? Meus personagens não retratavam exatamente a verdade de cada um? Conduzindo-os de maneira bem-humorada eu não es¬tava amenizando suas fraquezas? Não é que o humorista, mesmo sa¬lientando as deficiências humanas, está fazendo um bem?
É isso aí. O humor, a brincadeira, a alegria, servem para ate¬nuar a tragédia. E para os que estranham que um homem de tea¬tro como eu esteja hoje desfrutando as benesses desse lindo lugar, eu respondo que não houve protecionismo, não. Por aqui não exis¬te o famoso "jeitinho". Não dá para esconder nem pensamento.
Agora, para os que desejam saber como eu consegui, confes¬so que a alegria e o bom humor ajudaram muito. Se quando eu vi¬via na Terra soubesse tudo quanto aprendi aqui, não teria sido tão dramático nem teria dado tantas voltas sem sair do lugar. Teria ido direto ao ponto: deixaria de lado a burocracia social e faria só o que eu achasse ser verdadeiro. Claro que eu poderia me enganar, já que estou consciente de uma parcela mínima da verdade, mas ain¬da assim eu garanto que, fazendo isso, teria vivido melhor e alcan¬çado mais do que consegui até aqui.
Afinal, este lugar é delicioso! Não estou morando aqui, mas apenas passando umas férias. Acham que fantasma não tem esse direito? Enganam-se. O lazer é bastante conceituado aqui, princi¬palmente para os que valorizam o trabalho. Isso eu sempre fiz. Não acham que faço bem?
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O taxista
Eu tinha um amigo taxista, que fazia ponto à noite no largo da Carioca, do qual eu me servia para ir até o teatro quando no Re¬creio e o qual, para esperar-me à meia-noite na volta e levar-me para casa, muitas vezes deixava de pegar passageiros se eles não lhe dessem tempo de buscar-me.
Não que eu lhe pedisse esse obséquio ou que eu lhe pagasse mais por isso. É que nossos encontros eram tão agradáveis e o papo logo se estabelecia fácil e gostoso que eu até acredito que ele o faria mesmo que eu não lhe pagasse.
Pois é. Coisas que acontecem entre as pessoas quando têm afinidade.
Norberto era o tipo da pessoa que com o ar mais sério e circuns¬pecto do mundo contava as histórias mais engraçadas que já ouvi.
Não sei se era seu jeito discreto de falar que não fazendo pre¬ver o desfecho de humor surpreendia no final ou se ele era tão su-til nos gestos e nas palavras que uma história contada por ele ad¬quiria uma graça especial.
Era com prazer que eu o encontrava e, fosse qual fosse meu es¬tado de espírito, acabava sempre alegre e revigorado. Se existem pessoas nutritivas, Norberto era uma delas.
Está certo que sou pessoa alegre a tal ponto que mesmo diante de certas tragédias do dia-a-dia não deixava de perceber o lado pi¬toresco e engraçado. Mas, ainda assim, eu vivia as emoções à flor da pele, um pouco mimado pela família, que sempre me fazia acreditar que eu era melhor e mais forte. Era prazeroso e eu acreditava sem perceber que ia ficando cada vez mais dramático, me tornando mais vulnerável aos obstáculos que a vida colocava em meu caminho.
Como?! Alguém se atreveu a me dizer não? Por que não con¬segui alguma coisa em que me empenhei tanto? Quem não passou
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por isso na vida? Quem não se sentiu frustrado por determinado dia não ter conseguido ser tão "maravilhoso" como gostaria?
Engraçado esse sentimento. Creio que isso acontece em todas as profissões e o sucesso é sempre esperado, mas para o artista ele pode vir a tornar-se insaciável. Alguma coisa dentro da gente de¬seja sempre mais. Está certo que você pode ter momentos de pico onde isso realmente acontece. Aquele minuto mágico em que você entra no clima certo, do jeito certo, na hora certa e pronto, reve¬la algumas pinceladas de génio. Mas depois não se pode estar o tempo todo nesse ápice e a frustração pode ocorrer.
Quem depois de experimentar a glória se conforma em voltar para dentro de seu casulo nas condições de um simples mortal? É difícil. Porém necessário. A vida trabalha dessa forma. E ela está certa em seus movimentos de inspiração e expiração, de absorver e dar, de manipular energias e criar.
Para dar é preciso ter e para ter é preciso absorver. Ninguém pode só dar sem se alimentar. Por causa disso, dias havia em que eu não estava em meus melhores momentos. Quando estava de mau humor, me recusava a admitir, e se alguém mencionasse o assun¬to, eu ainda ficava pior.
Norberto, com seu ar sério e discreto, começava a falar e, sem que eu percebesse como, logo estava rindo descontraído e de bem com a vida novamente. E, agora posso confessar, naqueles momen¬tos em que me recusava a admitir que eu "também" perdia a espor¬tiva, no fundo, no fundo eu sabia que não estava bem. Porque a quei¬xa ainda que só em pensamento, a sensação de valer menos, de es¬tar de mal com a vida, não estar desfrutando o melhor, nos faz sen¬tir um peso, uma opressão no peito, ainda que nos recusemos a ver, permanece lá a nos incomodar. Nos faz ver a vida através de óculos distorcidos, acabando com o prazer de viver.
Já o bom humor, a descontração, a alegria provocam prazer e podem transformar pequenas coisas em acontecimentos maravilho¬sos de felicidade e bem-estar.
É por isso que Norberto era nutritivo. Ele possuía esse dom de transformar as coisas. Aprendi muito com ele, suas tiradas inespe¬radas, seu senso de humor. Eu gostava tanto dele que certa vez che-
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guei a convidá-lo para trabalhar comigo. Mas ele não aceitou. Res-pondeu-me simplesmente:
— Obrigado, doutor. Mas eu não sei fazer outra coisa. Gosto de ser livre. Nem meus pais, nem minha mulher, nem os filhos conseguiram me segurar. Tenho alma de cigano, gosto de andar. O doutor não gostaria de me descalibrar.
— Descalibrar?!!
— Ficar parado. Não carregar a bateria. Depois, horários e outros troços são bons para relógio e máquinas, que, como não têm pernas, para andar precisam de outros movimentos.
— Quer dizer que recusa?
— O senhor não me conhece. Sou perigoso. Só faço aquilo que gosto.
— Às vezes é preciso aprender a fazer o que não gosta.
— Aí é que está. Eu não faço. E olhe que a família tentou, mas eu sou mesmo um "cuca fresca".
— Nem tanto. Trabalha duro e sustenta a família, que eu sei.
— Sem essa de sustentar a família. Esse é um peso que eu não carrego. Ao contrário. A família é que me sustenta.
— Não acredito. Você não falta um dia ao trabalho.
— Aí é que se engana. Eu não trabalho. Passeio de carro o dia inteiro. As pessoas ainda me pagam por isso. Divirto-me conhecen-do-as, muitas vezes participando de suas vidas nos momentos mais importantes. Nos casamentos, nas festas, nos grandes aconteci¬mentos e até nos enterros. Divirto-me com os casos que presencio.
Sorrindo perguntei:
— E a família?
— Bem. Todo o dinheiro que ganho dou para minha mu¬lher. Sabe como é, ela controla tudo. Esse negócio de contas é atra¬so de vida.
— Então você sustenta sua família — ajuntei vitorioso.
— Ao contrário. Eles é que me sustentam. Cuidam de mim, alegram minha vida, tornam-me feliz. Afinal, eu os amo tanto que dar esse amor sempre me alimenta.
A essa altura eu já me sentia feliz e de bem com a vida. Não é que ele era um filósofo nato? Sem grande cultura ou complica-
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ções, olhava a vida com tanta beleza e naturalidade que sua pre¬sença fazia um bem enorme.
Foi com grande alegria que uma tarde eu o encontrei por aqui em uma reunião de amigos. Abraçamo-nos com prazer. Logo ini¬ciamos um diálogo agradável onde eu resumi alguns detalhes de mi¬nha vida como fantasma, ao fim dos quais ele considerou:
— Quando me lembrava de você, de nossos encontros, sem¬pre me perguntava o que estaria fazendo. Um dia me deram um li¬vro, o Bate'papo com o Além, dizendo que era de sua autoria.
— Aí você descobriu.
— Sabe como é. Fiquei na dúvida. Afinal na Terra a gente car¬rega muitas dúvidas.
— Não reconheceu o estilo?
— Para dizer a verdade, havia até algumas frases que você cos¬tumava dizer, mas...
— Mas?
— Eu acreditei. Mas sabe como é... foi você mesmo quem escreveu?
— Fui sim. E no próximo livro vou falar de você.
— Vai mesmo? Então diga que eu estava certo. Fiz o que eu sabia e cheguei muito bem.
— Posso ver. Você está ótimo.
— E verdade. Diga a Nilzinha que não se preocupe. Ela tem um medo danado de bater as botas. Diga que eu a estarei esperan¬do e que aqui a vida é muito boa.
Sorri satisfeito. Ele continuava o mesmo. A vida para ele sem¬pre seria boa, sabem por quê? Porque ele só via o bem. Afinal não é só isso que fica?
Você já experimentou olhar você, sua vida, as coisas, as pes¬soas vendo só o bem?
Assim como Norberto, garanto que encontrará a receita da fe¬licidade. Vamos experimentar?
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Contracenando
Apesar do tempo decorrido, todas as vezes que eu venho à Terra sinto saudade! Uma saudade gostosa dos momentos agradá¬veis que vivi.
Tenho visto aqui muitos amigos que fazem de tudo para não sentir saudade a pretexto de não sofrer. Comigo não acontece isso. Pensando bem, reconheço que tive bons momentos, o que talvez não tenha acontecido à maioria deles.
Sabem por quê? Porque sempre estive muito presente em cada acontecimento de minha vida e mergulhei profundamente em cada emoção.
Se é verdade que fazendo isso posso ter exagerado um pouco certos acontecimentos desagradáveis, por outro lado bebi até a úl¬tima gota o vinho do prazer de tudo que me aconteceu de bom. De¬pois, como procuro sempre esquecer o mal e ficar com o que é bom, consegui guardar apenas os bons momentos. Por isso, sentir saudade é muito agradável para mim.
Também, como esquecer os aplausos em cena aberta, o con-tato mágico com as plateias, o misterioso carisma do microfone e o charme da telinha de TV? Aí vocês vão dizer que estou sendo vai¬doso. E que isso não fica bem em um fantasma como eu.
Aos olhos das regras sociais do mundo isso pode parecer ver¬dadeiro. Eu porém há muito sei que não é.
Há na sociedade terrena muita confusão entre vaidade, amor próprio, dignidade. Muitos não sabem diferenciar onde começa um e acaba outro.
Aqui, nós temos uma maneira simples de descobrir isso. Amor próprio, dignidade, maturidade é quando você assume tudo que já sabe. Vaidade é quando você quer parecer mais do que é. Esclareci?
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Tenho consciência de que meu trabalho quando estava no mundo foi bom. Eu amava fazer o que fazia e colocava tal prazer quando entrava em cena que sempre conseguia me comunicar com o público. Essa satisfação, só pode avaliar quem já a sentiu.
Depois, em cena você veste os personagens e através deles pode de vez em quando jogar para fora suas próprias emoções, dan¬do vazão aos questionamentos do dia-a-dia
Claro. Quando você faz um personagem problemático, ques¬tionador, em suas falas pode liberar o que o está incomodando. A responsabilidade é só dele.
Você consegue manter sua integridade. Pode chorar, expres¬sando sua mágoa sem que ninguém seja indiscreto e queira saber o que vai em seu coração. Sempre dei preferência aos persona¬gens irreverentes, e acho que vocês já descobriram por quê. O bom humor é sempre mais agradável, mesmo quando o tema é ár¬duo e trágico.
Aliás, rir é sempre a melhor opção. Olhando as coisas que ocorrem no mundo, percebendo a imensa inversão de valores e a enorme resistência que as pessoas têm ao novo ainda que seja para melhorar, sinto que não resta outro recurso.
Olhar a violência, a crueldade, a inércia, a corrupção e até a dependência do passado da maioria que se agarra ao que lhe pare¬ce conhecido na ilusão de estar seguro, percebo o quanto é difícil contribuir para a melhoria da sociedade.
Tenho visto aqui a frustração de muitos amigos que, imbuídos dos mais entusiásticos desejos de cooperação, têm tentado desper¬tar a consciência dos homens encarnados, inspirando ideias novas aos homens envolvidos com todos os meios de comunicação, sem conseguir grandes resultados.
Quando vivia no mundo, muitas vezes me senti incapaz de sa¬nar os problemas dolorosos que afligem a humanidade. Os amigos costumavam dizer:
— Você é que é feliz! Está sempre de bom humor. Parece que não vê os sofrimentos que há no mundo!
Indiretamente me chamavam de egoísta, mas eu não entrei nes¬sa porque sabia que essa foi a forma inteligente que encontrei para
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mostrar os fatos. Sabem por quê? Porque nunca dei "conselhos" nem ditei normas que as pessoas nunca vão seguir. Em compensação, um dito jocoso, uma piada bem armada, um fato observado por seu lado engraçado, era repetido de boca em boca. Ainda que de uma forma indireta, eu conseguia fazer pensar.
Não há coisa mais importante do que aprender a pensar. Por¬que se no teatro contracenamos uns com os outros, criamos per¬sonagens imaginários, todos nós fazemos isso o tempo todo dentro da cabeça.
Nunca pensou nisso? Pois é. Nós contracenamos o tempo todo misturando os aspectos de nossa personalidade. Claro que temos vários lados. Quantas vezes desejamos uma coisa e na última hora brota dentro de nós um personagem que traz um pensamento di¬ferente e fazemos outra?
Ultimamente tenho me dedicado a assistir esse teatro interior. Posso garantir que é fascinante. Se prestar atenção vai perceber que dependendo do momento, do local e das circunstâncias, você "in¬corpora" um personagem diferente. Isso é tão forte que na hora você jura que é isso. Até o instante em que surge a dúvida levan¬tada por outro lado seu. Então, os dois "brigam" dentro de sua ca¬beça, podem tirar seu sono e aumentar sua indecisão.
Observando nossa riqueza interior, fiquei pensando. Que bom se pudéssemos conhecer todos os personagens que há dentro de nós com os quais contracenamos diariamente! Tenho certeza de que se isso acontecesse poderíamos escrever melhor a peça de nossa vida.
Aliás, no curso de evolução sem dor que estou frequentando essa é uma aula fundamental. Dizem os instrutores que quando nós conseguirmos conhecer todos os lados de nossa personalidade po¬deremos escolher os mais adequados.
A princípio parecia que eu não tinha muitos "lados". Até en¬tão eu tinha a ilusão de ser pessoa equilibrada, com bom senso. Mas o tempo foi me mostrando que estava enganado. O que fazer? A ilusão ainda é uma agradável maneira de encobrir o que não dese¬jamos ver.
Fiz o primeiro exercício meio a contragosto, com ares de su¬perioridade, como quem cumpre um ato mecânico e sem utilida-
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Mensagem por Admin Sáb Jan 08, 2011 3:07 pm

de. Mas logo fui surpreendido por um personagem inesperado e fraudulento que de forma alguma queria que eu "largasse" meus controles habituais. Apareceu no palco de minha mente com toda a força, dizendo sutilmente que era melhor eu ir embora, que eu não precisava de nada daquilo, que minha vida era uma beleza. Por que eu iria me dar ao trabalho de querer mudar?
Ele foi tão bem articulado que quase me venceu. Eu quase de-sisti. Mas, aí, meu curioso retrucou:
— Vai desistir sem ver o que vai acontecer? Vai perder essa? Minha vaidade completou:
— Não vai mostrar a eles que não "precisa" disso?
Então resolvi ficar e ir em frente. Cada um foi convidado a di¬zer quais as frases que havia "escutado". Fiquei calado, ouvindo o que os outros diziam. Logo percebi que alguns tinham ouvido as mes¬mas coisas que eu. Fiquei inquieto. E interessei-me quando nosso professor começou a explicar o mecanismo de nossas reações.
Puxa! Descobri que tudo que observara não passara de resis¬tência a mudar e medo do novo. Defesa. Só defesa. Me empolguei. Se em poucos instantes tivera conhecimento de três personagens que habitavam meu teatro interior interferindo em minha vida, o que mais haveria atrás daquele cenário que eu colocara na frente, com medo de perceber o que havia atrás?
Começou então para mim uma experiência nova. Agora, sou um observador atento, faço parte da plateia de mim mesmo.
Vocês vão achar que esse assunto deu voltas à minha cabeça, mas eu afirmo que não. A partir dessa primeira aula, percebi vá¬rios personagens que habitam o palco de minha vida, cada um es¬crevendo uma peça particular, que ao final acabam por atrair para mim fatos e pessoas, alguns muito bons, outros que eu preferia não tivessem acontecido.
Dentro desse processo, revi pessoas, fatos da infância, proble¬mas de família, assuntos não resolvidos. Restos de um passado que, embora eu houvesse feito tudo para ignorar mascarando-os com humor e alegria, ainda permaneciam lá atuando sempre como se o tempo não houvesse passado e as coisas não houves¬sem se modificado.
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Sabem lá o que é isso? Podem imaginar tudo que carregamos escondido em nosso subconsciente, sem coragem de olhar frente a frente e tentar encontrar outra forma de viver?
Por que será que resistimos tanto às mudanças? Por que temos tanto medo do novo? Não seria mais sensato testar as coisas antes de recusar?
Agora estou mais modesto. Não julgo nada. Quando entro em aula espero tranquilamente os acontecimentos e só depois de rea¬lizar a experiência é que me posiciono. Não acham que é melhor?
Quando perdemos o medo, acabamos descobrindo que nosso teatro interior é muito interessante. Temos personagens de todos os tipos. Implicante, impaciente, vaidoso, dramático, comodista, dependente, vítima, herói, justiceiro, perfeccionista, certinho, mentiroso, interesseiro e outros mais. Por outro lado, temos o amo¬roso, o sincero, o confiante, o próspero, o inteligente, o dedicado, o lúcido, o equilibrado, o sábio, o espiritual.
Tenho observado que todos estão dentro de nós e entram em cena conforme o momento, provocando diferentes resultados em nossas vidas. Assim como eu, vocês por certo já sabem que são os primeiros, isto é, os personagens negativos, que provocam todas as confusões nas quais nos temos metido. Vai daí que o melhor seria poder tirar de cena todos eles, deixando apenas os outros, os positivos.
Acham que não é possível? É, sim. O mais difícil é conseguir identificá-los. Uma vez feito isso, há que aprender a transformá-los compreendendo que seus valores estão sendo invertidos e que por trás há forças positivas.
Será que você vai poder fazer isso? Nós ainda estamos apren¬dendo. Mas desde já posso afirmar que isso é possível e fascinante.
Dentro desse contexto tenho escrito algumas peças nas quais estudo esses personagens, e para minha alegria elas estão sendo montadas aqui e assistidas por grande número de pessoas. Quem sabe algum dia ainda eu possa escrevê-las para serem levadas em algum teatro no mundo.
Já pensaram que maravilha? Cada pessoa que assistir vai po¬der identificar seus próprios personagens e começar a praticar seu
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teatro interior! Que beleza! Descobrir como transformarinsatisfação em alegria, tristeza em felicidade, frustração em prazer!
Quando nos decidimos a fazer nossa evolução sem dor, to¬mamos contato com a essência espiritual, entramos na luz e, dian¬te dessa postura, tudo pode acontecer! Não acham que vale a pena tentar?
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Circunstância fatal
Quando deixei a Terra há mais de trinta anos, sentia muita saudade. É que eu sempre gostei de viver aí e, apesar dos proble¬mas que apareciam, à vontade de experimentar, o prazer de fazer eram tão grandes que as coisas desagradáveis acabavam perdendo a importância.
Nos primeiros tempos que vivi aqui, era difícil ficar distante sem participar dos acontecimentos importantes, da política, dos eventos promissores na Terra. Por isso, pedi a oportunidade de continuar escrevendo para vocês porque, além do prazer de estar ligado ao que se passava no mundo, poderia ao mesmo tempo fa¬lar da realidade astral sabendo que essa troca seria proveitosa para ambas as partes.
Porém, à medida que o tempo foi passando, embora ainda sin¬ta saudade de vez em quando, aprendi a apreciar a sociedade onde estou vivendo agora, que, embora seja ainda um pouco tumultua¬da uma vez que nós estamos fazendo parte dela e não temos ainda boa organização mental, oferece preciosas oportunidades de de¬senvolvimento espiritual e maior conhecimento das leis cósmicas.
Talvez seja por isso que tenho espaçado meus contatos com os leitores da Terra. E que neste universo maravilhoso são tantas as opções, tantas e sempre surpreendentes descobertas, que tenho me empolgado, esquecendo o tempo, usufruindo mais os momentos que estou vivendo aqui.
Meu interesse em comunicar-me com vocês continua, talvez até um pouco mais forte, uma vez que quanto mais eu aprendo aqui, mais percebo que a verdade é muito diferente dos conceitos que correm aí no mundo.
Olhando o que vai na sociedade terrestre, notando como os valores estão sendo invertidos, sabendo que os sofrimentos em que
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as pessoas se angustiam poderiam ser evitados com certa facilida¬de, se elas conhecessem melhor as leis cósmicas, sinto renascer em meu coração o desejo ardente de cooperar para que vocês descu¬bram a verdade e possam libertar-se de tanta dor.
Confesso que, apesar de minha vontade, tem sido difícil pas¬sar as novas ideias. A resistência tem sido grande. As pessoas se se¬guram tanto nos padrões estabelecidos e aceitos pela maioria que se recusam a enxergar o que seja diferente. Esse comportamento tem envolvido vocês em um círculo vicioso terrível, que emperra o progresso, atrai mais sofrimento.
Vocês acreditam que determinados comportamentos sejam bons, porém colhem resultados dolorosos, o que significa que eles não servem para vocês. Contudo insistem neles, iludindo-se com os conceitos da maioria, com medo de experimentar o inverso e vir a sofrer. E engraçado, mas o medo de sofrer faz com que vocês continuem sofrendo sem parar! Já pensaram que contra-senso?
No universo a lei é igual para todos. Não há proteção para nin¬guém. Agiu de determinada forma, obtém aquele resultado. Isso é fatal. Por isso é inútil permanecer fazendo tudo igual, mesmo sen¬tindo que sua vida está indo muito mal, que você está sofrendo, que nada dá certo, que há carência de dinheiro, de afeto, de prazer, de alegria, de dignidade.
Não seja resistente! Aí você vai dizer que você está fazendo seu melhor e que não sabe como agir de outra forma. Vai desfilar para mim suas lamentações sem perceber que uma das causas de sua infelicidade é exatamente fazer isso. Queixar-se, lamentar-se como se você fosse incapaz de fazer coisa melhor.
Há muito descobri o quanto a queixa é destrutiva. Aqui em minha cidade, se alguém entrar nisso, as pessoas imediatamente vão embora sem nenhuma consideração. Será que vocês aí teriam co¬ragem para fazer isso? É falta de educação, você vai dizer. E eu res¬pondo que falta de educação aqui é "jogar" energias negativas em cima dos outros que não têm nada com isso.
Mas, aí, as conveniências, a vaidade, o querer "parecer" edu¬cado faz com que você que odeia ouvir lamentações se obrigue a engolir tudo para não ser criticado. Com isso, atrai formas-pensa-
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mentos negativas em sua aura que uma vez instaladas vão "atacar" você, atrapalhando sua vida.
Se não quer ser indelicado, basta mudar de assunto, não ali¬mentar. Experimente, a cada queixa, colocar o lado positivo da si¬tuação. Logo vai perceber que seu interlocutor, não sendo apoia¬do, perde o interesse de desfilar seu rosário e se despede logo. Se ele for inteligente, pode até notar como está sendo maldoso e des¬pertar para algo melhor.
Mais importante do que a conversa que você tem com os ou¬tros é aquela que você tem com você. Essa, então, é a mais perigo¬sa. Sim, porque a maneira como você se vê, como você se trata, vai dizer aos outros como você é. Suas energias "falam" do que você crê.
Não importa o bem que você pensa que faz, nem como você imagina que os outros o estão vendo, nem como você desempenha os papéis que acredita serem importantes para ser aceito. É aque¬la conversa íntima que você tem com você todos os dias que cria seu padrão energético.
E, no jogo da vida, é seu padrão energético que conta. As energias que você exala chegam até as pessoas, não do jeito que você julga estar sendo, mas do jeito que você é. Quando você sente que não é amado, que não tem "sorte" no emprego, que nada dá cer¬to, que sua vida está ruim, é hora de prestar atenção e notar o quanto se julga incapaz e se maltrata por isso.
Não acredita? Pensa que estou exagerando? Qual nada. Vol¬to a afirmar que essa é uma circunstância fatal. Plantou, colheu. Não tem meio termo. Se sua vida está ruim, é claro que você está agindo errado.
Não adianta protestar, querer brigar comigo, porque estou di¬zendo a verdade. Basta verificar como você conversa com você, de que forma se obriga a fazer as coisas, como se controla para entrar nas regras, sem nenhuma consideração por seus verdadeiros senti¬mentos. Diante de tanta desvalorização, como quer que a vida, as pessoas o valorizem?
Sei que o que estou dizendo pode parecer estranho por ser di¬ferente do que vocês têm ouvido até hoje, mas se pelo menos es-
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tudarem o assunto, prestarem atenção, acabarão por descobrirque é verdade.
Comigo funcionou tanto que agora, sempre que algo não acon¬tece da forma como eu gostaria, paro, medito, analiso minhas ati¬tudes e experimento fazer exatamente o oposto. Acham que estou me precipitando? Qual nada. Tenho feito isso e não é que tem dado certo? Essa é a forma inteligente de modificar uma situação que não nos agrada. Se eu continuar fazendo tudo igual, estarei co¬lhendo sempre os mesmos resultados. Deu para entender?
Parece simples demais? Quem foi que lhes disse que a vida é complicada? As complicações são criadas por vocês. Diante disso, não será mais inteligente descomplicar?
Acho que hoje dei voltas à sua cabeça. Ainda bem. Quem sabe assim você decida abrir uma janela no círculo vicioso de sua vida e começar a enxergar diferente. Se soubesse como é fácil! Não vai experimentar?
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Contrariedade
Há dias em que parece que tudo acontece para contrariá-lo. Problemas inesperados aparecem, pessoas complicadas cruzam seu caminho, você é envolvido por fatos desagradáveis, assuntos que você foi postergando por não desejar resolver se complicam exigin¬do providências imediatas. Aí você imagina que o mundo inteiro esteja contra, e se deixa envolver pela revolta, como se fosse uma vítima da maldade humana. A insatisfação, a queixa se instalam, chegando à amargura e à depressão.
Quanto mais você se deixa arrastar por esses sentimentos, mais seus caminhos se fecham acabando por chegar um momento em que parece impossível encontrar uma saída. Daí ao suicídio é um pequeno passo.
Quanta ilusão! Eu diria mesmo quanta falta de informação! Hoje em dia, com tantas possibilidades de pesquisa, com tantas provas da continuidade da vida após a morte, com tantas oportu¬nidades maravilhosas de progresso que a vida na Terra oferece, ain¬da há quem se deixa iludir, preferindo machucar-se com a negação e o pessimismo, deixando de lado sua oportunidade de ser feliz.
Aí você vai dizer que não pode ser feliz quando tudo em sua vida dá errado. Eu concordo. Quando tudo vai mal, é claro que a felicidade está distante. Mas o que você tem feito para modificar essa constante em sua vida?
Eu digo isso não porque deseje criticar você mas porque tam¬bém já tive meus dias de desconforto quando estava no mundo, e mesmo aqui. Está admirado? Acha que quando vivemos no mun¬do astral tudo seja maravilhoso? Seria se nossa cabeça não fosse tão indisciplinada. Se já tivéssemos conseguido controlar nossa men¬te, nossa vida aqui seria excelente, mas como ainda não consegui¬mos, temos nossos altos e baixos também.
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Mas, tendo descoberto que sou eu quem atrai todos os fatos de minha vida e que a causa de tudo reside em meu descontrole mental, tenho procurado aprender a fazer isso. No começo, achei muito difícil. Pudera, habituado a não exercer nenhum controle sobre os pensamentos, me permitindo as mais loucas digressões mentais, minha vida aqui, logo que cheguei, passou a ser uma roda-viva, repleta de acontecimentos desagradáveis que infernizavam mi¬nha cabeça.
Porém, como eu sou rápido e gosto de aprender, principal¬mente se a pressão for dolorosa, tenho me esforçado para conse¬guir esse controle e posso garantir que já melhorei bastante. Des¬cobri que a chave de nosso equilíbrio é ficar atento às impressões e como nossa mente as seleciona. Um fato pode ser avaliado de vá¬rias formas, dependendo dos valores mentais de cada um. O impor¬tante é discernir a verdade das ilusões. O falso do verdadeiro.
Uma pessoa muito dramática vai exagerar, uma pessimista vai imaginar o pior, uma ingénua vai se escandalizar, uma controlado¬ra vai se revoltar, etc. Entretanto, a verdade não tinha nada disso. Um fato é só o que aconteceu, o resto fica por conta da imagina¬ção de quem o vê.
Se fosse só isso, não seria nada. O pior é que como temos o po¬der de criar, de materializar as coisas à nossa volta, acabamos por criar todos os nossos medos. Tudo que tememos começa a materializar-se em nossa vida. Tragédias para os dramáticos, sofrimen¬tos para os pessimistas, doenças para os hipocondríacos, maldades para os ingénuos, descontrole para os controladores.
E quando você resiste e não muda sua forma de agir, esses fa¬tos vão sendo cada vez mais frequentes e exagerados para que você perceba. Então, chega aquele dia em que tudo parece conspirar contra você e nada dá certo.
Entendeu? Aí você vai dizer que não acredita, que estou fan¬tasiando porque você não tem esse poder de criar esses fatos, uma vez que só deseja o bem.
O que adianta desejar se você não faz? De que vale pensar, criar ideias na cabeça mas agir de maneira contrária a elas? A vida vai materializar o que você sente, não o que você acha que é.
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Portanto, o jeito de melhorar é modificar a forma de pensar. É controlar a mente não se permitindo fantasiar, esforçando-se para manter um bom senso de realidade. No começo pode parecer difícil, porém depois de algum tempo você vai notar que as coisas vão se tornando mais claras, menos complicadas, sua cabeça mais lúcida, sua vida mais feliz.
Não acham que vale a pena tentar?
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Imaginação
Tenho tentado mostrar a vocês que a vida é perfeita e faz tudo certo. E que, para compreender como ela funciona, precisamos deixar as ilusões, as fantasias. De uma coisa tenho certeza: ela é mui¬to mais rica e bonita do que nossa maior fantasia e trabalha sem cessar para que aprendamos a ciência de ser feliz.
Quando digo que ela nos criou para a felicidade, você pode du¬vidar, uma vez que não é isso que tem observado no mundo, mas eu garanto que o sofrimento humano é fruto das ilusões e do ex¬cesso de imaginação que as pessoas criaram para si.
Aí vocês vão dizer que não estou sendo coerente. Se enalte¬ço a necessidade de ser verdadeiro, de olhar tudo do jeito que é, acertando baterias contra as ilusões, o que sobram são os sofrimen¬tos, a "dura realidade" social, etc, etc. Essa atitude acabaria com a criatividade, com os sonhos dos artistas, com os desejos de pro¬gresso da sociedade, com a beleza da vida.
Será que vocês entenderam tudo quanto escrevi neste livro? Se pensam dessa forma, com certeza não. A vida é perfeita, tem em si mesma todas as belezas, todas as artes, todo o progresso, toda a força do divino e do eterno.
Nós somos a vida. Ela palpita em nós de forma ininterrupta, mesmo quando, iludidos pelas aparências, nos deixamos levar pe¬las ilusões, pelos exageros, pela falta de fé.
E aí é que entram as mudanças essenciais que ela provoca em nossas vidas, corrigindo nossos objetivos, fazendo-nos perceber a verdade, colocando-nos no lugar que nos compete por aquilo que acreditamos ser, para que possamos experimentar nossas ideias, nossa própria força.
A sabedoria da vida nos deixa livres para experimentar e age de tal forma que somos nós que fazemos as leis com as quais sere-
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mos julgados. Essa liberdade me comove e impressiona. Não há juiz nem ninguém que determine as experiências que iremos vi¬ver, mas apenas nossas crenças, nossas atitudes atraindo os acon¬tecimentos que necessitamos para abrir nossa consciência, apren¬der a viver melhor.
Seremos medidos com as medidas que medirmos. Pode haver justiça mais liberal e ao mesmo tempo mais perfeita e justa?
E aí que os exageros nos conduzem a muitos sofrimentos que poderíamos ter evitado. Dramatizar qualquer acontecimento faz com que ele cresça e assuma dimensões que ele não tinha.
E por isso que a vida frustra, desilude, mostra a verdade. Cul¬tivar a ilusão fatalmente levará à desilusão. Exagerar, imaginar o que não é, sempre será uma maneira de se machucar quando a ver¬dade mostrar sua face.
Isso não significa cortar a imaginação, que é uma ferramenta que quando usada de forma positiva cria motivação, impulsiona o progresso, alimenta o espírito.
Será que você sabe usar sua imaginação sem entrar na ilusão? Será que você sabe valorizar sua capacidade, sem medo do futuro, confiante na vida e em sua própria força? Essa ciência estou ten¬tando aprender e confesso que, apesar dos muitos cursos a que ve¬nho assistindo ultimamente para me livrar dos velhos hábitos que mantinha no mundo, ainda me pego dramatizando, exagerando minha fraqueza, alimentando a cómoda postura de vítima das cir¬cunstâncias, quando já aprendi que cada um é totalmente respon¬sável por si e que pode tudo quando usa a própria força.
Mas, apesar disso, não me culpo. Sabem por quê? Porque sei que me dar força é o melhor remédio, principalmente quando fiz alguma coisa que não saiu bem como eu gostaria. A culpa só faz mal, e cultivá-la é como ingerir um veneno que vai aos poucos acaban¬do com nossas possibilidades de sermos felizes.
Não é isso que eu quero para mim. Você quer? Eu descobri que a vida trabalha para o melhor. Que o bem é a única verda¬de que há. Que crer no mal é dar muitas voltas para no fim, de¬pois de muitos sofrimentos, acabar valorizando o bem para che¬gar à felicidade.
212

Aprendi que o mal é a maior ilusão e que um dia, seja pela dor ou seja pela inteligência, todos nós vamos aprender isso.
É por isso que voltei para escrever a vocês. Se eu estivesse vi¬vendo aí no mundo, gostaria que alguém do astral me mostrasse es¬sas verdades.
Por isso, a imaginação serve para criarmos beleza, amor, ale¬gria, bondade, progresso. Se você a está usando para criar dor, medo, sofrimentos, mal-estar, angústia, depressão, saiba que mer¬gulhou na ilusão, e quanto antes sair dela, melhor.
Experimente o oposto. Seja o que for, não dramatize. Ao in¬vés da tristeza cultive a alegria; da culpa exercite a boa vontade; do desespero alimente confiança na vida; do desânimo acredite no próprio poder; do abandono se dê todo apoio; do medo do fu¬turo observe a perfeição da vida, que nunca erra.
Eu gostaria muito que você pensasse no que tenho escrito. Um dia, tenho certeza, ainda que demore muitos anos, chegará aos mesmos resultados que cheguei e quem sabe nosso encontro te¬nha o sabor agradável das muitas conquistas que fizemos, na des¬coberta infinita das riquezas de nosso mundo interior.
Um abraço do amigo Silveira Sampaio.
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• série VÍDEO & CONSCIÊNCIA
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se conhecer melhor:
O MUNDO DAS AMEBAS JOGOS DE AUTO-TORTURA POR DENTRO E POR FORA

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Acreditamos que há em você muito mais condições de cuidar de si mesmo do que você possa imaginar, e que seu destino depende de como você usa os potenciais que tem.
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Mensagem por Admin Sáb Jan 08, 2011 3:08 pm

fim... lol!
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Mensagem por Felicidade Sáb Jan 19, 2013 7:49 pm

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