PRECISAMOS DE ALGUMA DOR ?

por Heroin@ Sáb Abr 23, 2011 7:48 pm

Eis dois mitos antigos:
Compreenda a Natureza de Sua Dor
Problemas quando cultivados por muito tempo viram dores.

O problema existe em âmbito mental, toda energia mental cultivada se torna sentimento e todo sentimento negativo é uma dor.
Não estou falando da dor física, a última manifestação de dor que existe e só existe quando a energia de sentimento ultrapassou a barreira do material. Falo da dor emocional, causada pelos sentimentos, dor que fere e mata lentamente, dor que não passa.

Para se entender essa dor vou usar de dois mitos de astrologia (talvez depois escreva um artigo tratando do mesmo assunto sob a ótica astrológica).
Jano é o deus romano dos portais e das chaves. Possuidor de duas cabeças, uma que olhava para trás (passado) e outra que olhava para frente (futuro) ele via a todos, de onde vinham e para onde iam, e abria as postas aos que merecessem sucesso ou fossem os escolhidos dos deuses.

Um romano que queria abrir seus caminhos na vida fazia duas oferendas a Jano, uma para cada cabeça. Em sua homenagem foi batizado o mês de janeiro, o mês que abre o ano e olhamos para trás relembrando todo o ano anterior e esperamos ansiosos às alegrias do ano que começou.
Quando temos um problema ou uma dor emocional fazemos igualmente a Jano. Primeiro olhamos para trás, para o problema em si, a dor que não nos larga, cultivamos um passado de mágoas e ressentimentos. Também olhamos para o futuro, para um resultado dessa dor ou a possível resolução dela, mas como o passado nos acompanha, a resolução dessa dor não é clara.

A solução real é simplesmente olhar para o portal e as chaves de Jano, é no presente que estão todas as soluções.
Jano é parte do Eu Humano. Ele existe em nós e somente nós mesmos podemos abrir o portal que nos levará a solução, se olhamos para o passado e o futuro de uma dor, nosso olhar está errado e nosso Jano interior manterá a porta trancada.
Este mito é ligado a Saturno, o funesto planeta ligado à dor, sofrimento, limitação e medo.

O medo existe muitas vezes quando nos recusamos a olhar algo em nós que já está manifesto e não se coaduna com nossas ações e pensamentos no presente.
Saturno nos ensina a largar coisas que não servem mais, deixar pelo caminho as tralhas mentais, enquanto não fazemos isso, ele permite o sofrimento.
Quando uma dor não o larga, sua pergunta deve ser por quê?

Não se concentre na dor emocional e sim nos três motivos: por que tenho essa dor? Por que a forma do que sinto me faz sofrer? Qual o resultado de abandonar a energia que me causa essa dor? As respostas óbvias e rápidas podem ser máscaras usadas por sua mente.Se foi traído, a resposta rápida é: tenho dor porque fui traído.

A segunda pergunta é respondida assim: toda traição dói. A resposta da terceira pergunta liga-se as anteriores: não posso largar essa dor porque isto não é algo possível de se esquecer.

Nosso Jano interior tem três perguntas diferentes que são: o que é melhor, permanecer em sua dor e deixar a porta fechada a qualquer evolução e progresso? O que te faz tão sensível a essa dor especifica, um querer ser um coitado ou uma raiva não aplacada de ter atraído essa situação? O resultado do abandono desse pensamento não é a vingança perfeita contra quem o fez sofrer uma vez que qualquer energia do ato ficará sobre a responsabilidade do outro que terá o livre arbítrio de manter essa energia ou abandoná-la?
Saturno e Jano nos ensinam uma grande lição.

Toda dor é um apego. Olhar sua dor e tomar uma atitude sobre ela é a mais sensata de todas as coisas a se fazer. A dor existirá enquanto lutarmos contra ela e nos permitirmos sentir ela em sua plenitude. Ela será dissolvida a partir do momento que for abandonada, que deixar de ter significado. Aqui entra outro mito astrológico, Quíron, um centauro que escolheu se aproximar dos homens e com seus conhecimentos de feitiçaria e ervas tornou-se o maior curador que já existira.

Ferido na coxa por acidente por seu grande amigo Hércules, com a ponta de flecha envenenada pelo veneno da Medusa, o único veneno sem remédio, Quíron passa a viver com uma dor permanente e lancinante. Capaz de curar a todos e incapaz de curar a si mesmo.
A solução dada por Júpiter (Zeus por se tratar de mitologia grega) foi retirá-lo da matéria para o reino do espírito.

Foi transformado na constelação do Sagitário.
Quíron é o arquétipo da sublimação. Uma dor incurável só será solucionada se for sublimada.
É preciso perder o significado do que causa a dor para quem sente a dor.
Saturno não nos envia sofrimento, ele nos envia sempre a pergunta: você precisa realmente permanecer com essas coisas que te causam dor?
Pergunte a você mesmo, eu preciso dessa dor emocional? Se as conseqüências de permanecer na dor forem necessárias a você, permaneça nela. Se o custo da manutenção dessa dor for muito alto em sua vida, use seu Júpiter interior, permita que ele te transforme numa constelação. Largue todo o apego do que te causará dor, tristezas e mágoas, permita-se ao perdão e a alegria.

albino